“Vindo de condições modestas eu pude trilhar e acreditar
que era possível (..) A gente tem que ralar, colocar os sonhos nas pernas, nos
braços, não é só ficar com ele na cabeça”.
Estranho
ainda nos dias de hoje um bailarino negro do Theatro Municipal de SP chamar
tanta atenção por protagoniza uma peça e inspirar alunos de dança. Também, se
analisarmos que dos 34 bailarinos da companhia, apenas dois homens são negros.....
"Sou um bailarino e sou um negro.
Tenho que buscar pela valorização da raça na sociedade. Toda conquista foi por
mérito meu e trabalho meu, mas a representatividade é importante porque são
muito poucos nesses espaços (...) Sou negro, de uma família pobre do interior
de São Paulo, e sou homossexual. Faço parte de diversos grupos alvos de
preconceito. E, infelizmente, o Brasil é um país racista e muito preconceituoso",
afirma.
Marcos
Novais, de 23 anos, nasceu em Araçatuba, interior de São Paulo e começou na
dança aos 10 anos, após assistir um espetáculo no Theatro Municipal de sua
cidade natal. Protagonista das montagens, o bailarino faz parte do Balé da
Cidade desde 2013. Hipnotiza e inspira a todos que assistem ao espetáculo “Adastra”
e “Risco” com seus movimentos e alcance físico.
Na
obra "Risco", Marcos é protagonista, único dos bailarinos que
interpreta um personagem. Dá vida ao pintor e grafiteiro norte-americano
Jean-Michel Basquiat. A montagem ganhou significado especial: “É como se tudo
fosse uma viagem da cabeça de Basquiat. Acontece como a imaginação dele. A
ponte com São Paulo é o grafite. Ele foi um grafiteiro super conhecido. Uma
pessoa que morreu com 28 anos, negro, pobre, da periferia. Foi o maior desafio
pelo fato de tentar trazer para a dança toda essa essência, de tentar me
transformar nele, e não só um bailarino", revela.
As
montagens “Risco” e “Adastra ficam em cartaz até este sábado (1°).
Nenhum comentário:
Postar um comentário