A partida aconteceu às 12h30min
do dia 24 como o previsto, e a navegação continua como se estivesse flutuando sob
um tapete encantado. Nota-se a alegria dos egípcios que trabalham no barco, só
homens. Afinal eles estão ali dentro para isso: navegar é preciso. A
temperatura hoje varia de 43 a
47 graus no exterior. Não se sente o balanço do barco em nenhum momento e
podemos calmamente observar nas duas margens do rio, as pequenas cidades ou
vilas com suas crianças nadando no Nilo tranquilamente. Ou as mulheres de
cabeça coberta lavando suas roupas como antigamente batendo na pedra. Muitos
dão adeus em nossa passagem. Observei algumas casas bem coloridas o que não é
comum no Cairo ou Luxor já que eles mantêm a cor bege tradicional. Muito bom
ouvir outras línguas de passageiros de vários países reunidos no mesmo espaço.
Durante o almoço sempre
servido a partir das 13h00min ouvi a gritaria que eu estava esperando
acontecer. Das Felucas (com os barqueiros com a típica embarcação com velas), e
suas butiques aquáticas. É o início da negociação típica da África. Os
barqueiros com seus barcos muito pequenos, amarrados em alguma parte do grande
barco, jogam os Galabeya (ou jalabeya, ou jalabás) para dentro do barco, e se a
pessoa gosta da roupa, começa a negociar. Até chegar ao preço que seja bom para
ambos. Aceitam qualquer dinheiro. Até nosso Real, acreditem. Algumas vezes ao
jogar, as roupas caem dentro da água e a animação e gritos ganham ritmo
enquanto os barqueiros vão se equilibrando nas ondas que vão se formando. É a
festança geral.
Depois o barco segue seu
rumo com boa programação festiva, uma vez que a lotação correspondeu a
expectativa. Se alguém esperava ver algum jacaré do Nilo, enganou-se. Ficou nos
reinos do passado. Vemos muitas plantas, folhas, e lógico, também as garrafas
de plástico que jogam dos navios.
A correria para o terraço
do Barco acontece no momento da Edusa de Esna, a comporta. O Nilo deságua na
Alexandria e começa o processo desde o sul do Egito. O barco, quando vai de Luxor
para Aswan passa pela comporta. O nível da água do outro lado da comporta é
maior e o barco espera completar e sobe. Dando o nível, segue viagem. Na volta
o barco desce. Tudo é folia.
No terraço do barco ou através
das janelas de vidro, vemos as formações de dunas de areia sobre as pedras como
mini pirâmides que eles chamam de Telechain. Entre as muitas vilas que
avistamos, de um dos lados da margem. Do outro lado, vemos o trem passando
paralelo aos carros na pequena estrada que dá para ver de longe. A comunicação
entre os dois lados é feita de bote.
Os bois e crianças se
refrescam nas águas do Nilo com muita vegetação, pelo menos nas margens. É o
oásis no deserto de areia. Os barcos Cruzeiros passam no Nilo de um lado para o
outro, com as moçoilas desfilando seus biquínis ao sol para os olhos surpresos
dos egípcios acostumados com a tradição deles. Durante todos os dias o barco
passa por minuciosa limpeza e seus carpetes são lavados. Nos quartos, após
limpeza, eles brincam fazendo decorações com toalhas e objetos que encontrarem.
Muito graciosa as criações dos 70 homens que trabalham no Cruzeiro.
Às 18h30min começa a
escurecer e a cor do sol é indescritível quando ele dá seu adeus, beijando as
águas do Nilo. De um vermelho cor de fogo, lembrando tantos filmes que já
assistimos e deixaram saudades. É coisa de cinema mesmo. Os pássaros voam de
volta aos seus ninhos para adormeceram na despedida do fogo que iluminou o
entardecer.
Hoje, a noite comoeles chamam das fantasias, onde todos vestem seus Galabeya e se sentem no clima...
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