segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A japonesa Setsuko Thurlow sobrevivente de Hiroshima receberá o Nobel da Paz em nome de grupo antinuclear Ican, coalizão de centenas de ONGs......





É o alerta de Thurlow para diversos públicos, de crianças a diplomatas, conscientizando sobre os horrores do holocausto nuclear e com a esperança de deter a proliferação de armas nucleares. 

Ela tinha 13 anos quando os Estados Unidos lançaram a bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshima em 1945. Hoje, aos 85 anos, mais de 60 anos depois daquele dia tenebroso, ela vive no Canadá, e sempre fala com emoção sobre a escuridão que tomou conta da cidade após a explosão: "Recordo de uma luz branca e azul. Meu corpo foi lançado para o ar e lembro-me de uma sensação de estar flutuando. A cidade que vi era quase indescritível. Era como se a manhã tivesse se transformado em noite. O pó e as partículas de nuvem impediam que os raios de sol penetrassem. Um desconhecido me tirou dos escombros. O silêncio era aterrador. Ninguém gritava, ninguém corrida. Os sobreviventes não tinham força física ou psicológica. Tudo que faziam era sussurrar implorando por água. Vi milhares de pessoas gravemente queimadas e inchadas. Não pareciam humanas. Essa imagem ficou marcada na minha retina. Eram 8h15 da manhã em Hiroshima e o sol brilhava há horas, mas a escuridão tomou conta das ruínas. Recordações dolorosas", contou em entrevista à AFP. 

Thurlow receberá o prêmio na cerimônia em Oslo, dia 10 de dezembro. Estará ao lado de Beatrice Fihn, diretora-executiva do Ican. 

Calcula-se que 140 mil pessoas morreram no bombardeio atômico de 6 de agosto de 1945. Outras 80 mil morreriam no bombardeio contra Nagasaki, três dias depois. O Japão assinou no início de setembro sua rendição.



"É muito difícil para muitas pessoas entenderem, mas é extremamente importante que usemos nossa habilidade para imaginar [esses horrores] e juntos evitar que isso volte a acontecer. O mundo está muito mais perigoso agora. Peço às pessoas de todo mundo que se envolvam nos esforços para evitar a proliferação nuclear. Todos nós temos nosso papel. Nenhum outro ser humano deveria experimentar a violência das armas nucleares. Nunca mais", concluiu. 

Thurlow condena as ameaças de guerra e a troca de insultos entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un, que elevaram os alarmes globais. Repreendeu o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, por não ter assinado o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, cujo Ican promoveu.


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