É o alerta de Thurlow para
diversos públicos, de crianças a diplomatas, conscientizando sobre os horrores
do holocausto nuclear e com a esperança de deter a proliferação de armas
nucleares.
Ela tinha 13 anos quando
os Estados Unidos lançaram a bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshima em
1945. Hoje, aos 85 anos, mais de 60 anos depois daquele dia tenebroso, ela vive
no Canadá, e sempre fala com emoção sobre a escuridão que tomou conta da cidade
após a explosão: "Recordo de uma luz branca e azul. Meu corpo foi lançado
para o ar e lembro-me de uma sensação de estar flutuando. A cidade que vi era
quase indescritível. Era como se a manhã tivesse se transformado em noite. O pó
e as partículas de nuvem impediam que os raios de sol penetrassem. Um
desconhecido me tirou dos escombros. O silêncio era aterrador. Ninguém gritava,
ninguém corrida. Os sobreviventes não tinham força física ou psicológica. Tudo
que faziam era sussurrar implorando por água. Vi milhares de pessoas gravemente
queimadas e inchadas. Não pareciam humanas. Essa imagem ficou marcada na minha
retina. Eram 8h15 da manhã em Hiroshima e o sol brilhava há horas, mas a
escuridão tomou conta das ruínas. Recordações dolorosas", contou em
entrevista à AFP.
Thurlow receberá o
prêmio na cerimônia em Oslo, dia 10 de dezembro. Estará ao lado de Beatrice
Fihn, diretora-executiva do Ican.
Calcula-se que 140 mil
pessoas morreram no bombardeio atômico de 6 de agosto de 1945. Outras 80 mil
morreriam no bombardeio contra Nagasaki, três dias depois. O Japão assinou no
início de setembro sua rendição.
"É muito difícil
para muitas pessoas entenderem, mas é extremamente importante que usemos nossa
habilidade para imaginar [esses horrores] e juntos evitar que isso volte a
acontecer. O mundo está muito mais perigoso agora. Peço às pessoas de todo
mundo que se envolvam nos esforços para evitar a proliferação nuclear. Todos
nós temos nosso papel. Nenhum outro ser humano deveria experimentar a violência
das armas nucleares. Nunca mais", concluiu.
Thurlow condena as
ameaças de guerra e a troca de insultos entre o presidente americano Donald
Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un, que elevaram os alarmes globais. Repreendeu
o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, por não ter assinado o Tratado
sobre a Proibição das Armas Nucleares, cujo Ican promoveu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário