segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CARTA DE ANGELINA JOLIE À MENINA PAQUISTANESA BALEADA POR TALIBÃS





«Esta quarta-feira de manhã, preparávamos as crianças para o colégio no meio das queixas habituais de “não quero ir”, vi a manchete doThe New York Times: Uma arma talibã dispara numa menina que defendia os direitos humanos. O talibã defendeu que Malala Yousafzai, de 14 anos, "ignorou as suas advertências e não lhes deu outra opção". Enquanto esperava pelo ônibus escolar, chamaram-na pelo nome e dispararam na cabeça, por lutar pelos direitos das jovens à educação.
Depois de ler o artigo, senti-me obrigada a partilhar a história de Malala com os meus filhos. Foi difícil para eles perceberem um mundo onde os homens tentam matar crianças cujo único "crime" é o desejo de que ela e outros como ela possam ir à escola. 
A história de Malala manteve-os pensativos todo o dia e à noite com muitas perguntas. Aprendemos sobre Malala juntos, vendo as entrevistas e lendo os diários. Malala só tinha 11 anos quando começou a blogar na BBC. Escreveu sobre a vida sob o mandato talibã, de ser obrigada a mudar o uniforme da escola por roupas sem cor, de esconder os livros debaixo do manto e, inclusivamente, de deixar de ir à escola». O nosso filho de oito anos sugeriu que deviam construir uma estátua por Malala. A nossa filha de seis anos fez a típica pergunta "se Malala tinha brinquedos, quem toma agora conta deles???. Perguntou também se os pais de Malala estavam chorando. Decidimos dizer-lhe que sim, mas que não choravam apenas pela filha, mas por todos os meninos do mundo a quem negam os direitos humanos. 
Como Malala, os seus pais são ícones de força e valentia. O pai de Malala também lutou pelos direitos das meninas à educação, é o diretor de uma escola, professor e poeta. Na manhã seguinte à notícia mostramos-lhes fotos de crianças de todo o Paquistão com a imagem de Malala e a rezar nas escolas. 
O meu filho estava preocupado com as meninas que foram fuziladas por defender Malala. Disse-lhe que eram conscientes do perigo, mas o seu apoio reflete a quantidade de "Malalas" que há e o que isso significa para eles. Todos os paquistaneses devem saber a importância da educação e a sua valentia inspirou-os. Os meus filhos ainda estão tentando entender e perguntam-me: "Porque é que os homens pensaram que tinham de matar Malala?" e eu respondo-lhes: "porque a educação é muito poderosa". Os disparos sobre a Malala golpearam o coração da nação, e os talibãs negam-se a retirar-se (ou a recuar), e as pessoas do Paquistão tão pouco o farão. Este ato violento e cheio de ódio parece ter tido o efeito contrário da sua intenção e os paquistaneses manifestaram-se abraçando os valores de Malala e rejeitando a tirania do medo.
"Que isto seja uma lição", afirmou o porta-voz do talibã paquistanês, Ehsanulá Ehsan. "Sim, que isto sirva de lição. Que a educação é um direito humano fundamental, um direito que não se negará às meninas do Paquistão". 
As meninas do Paquistão uniram-se sob o lema «Eu sou Malala» e elas não estão sozinhas. As mães e professoras de todo o mundo falam aos filhos e alunos sobre a Malala e incentivam-nos a formar parte deste levantamento pela educação para as meninas. No Paquistão surgiu um movimento nacional impulsionando a reconstrução das escolas e a necessidade de educar todas as crianças, incluindo as raparigas. Este terrível acontecimento marca o começo de uma revolução necessária pela educação das mulheres. 
Malala é a prova de que não só é precisa a voz de uma pessoa valente para inspirar um sem número de homens, mulheres e crianças. Nas aulas e nos lugares de todo o mundo, as mães, os pais, filhos e filhas rezam pela rápida recuperação de Malala, comprometendo-se a carregar a sua tocha no dia em que os prêmios Nobel se reúnam para determinar o Nobel da Paz: acredito que a valente Malala será tida em consideração»

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