«Esta quarta-feira de manhã, preparávamos
as crianças para o colégio no meio das queixas habituais de “não quero ir”, vi
a manchete doThe New York Times: Uma arma talibã dispara numa menina que
defendia os direitos humanos. O talibã defendeu que Malala Yousafzai, de 14
anos, "ignorou as suas advertências e não lhes deu outra opção".
Enquanto esperava pelo ônibus escolar, chamaram-na pelo nome e dispararam na
cabeça, por lutar pelos direitos das jovens à educação.
Depois de ler o artigo, senti-me obrigada a partilhar a história de Malala com os meus filhos. Foi difícil para eles perceberem um mundo onde os homens tentam matar crianças cujo único "crime" é o desejo de que ela e outros como ela possam ir à escola.
Depois de ler o artigo, senti-me obrigada a partilhar a história de Malala com os meus filhos. Foi difícil para eles perceberem um mundo onde os homens tentam matar crianças cujo único "crime" é o desejo de que ela e outros como ela possam ir à escola.
A história de Malala manteve-os pensativos todo o dia e
à noite com muitas perguntas. Aprendemos sobre Malala juntos, vendo as
entrevistas e lendo os diários. Malala só tinha 11 anos quando começou a blogar
na BBC. Escreveu sobre a vida sob o mandato talibã, de ser obrigada a mudar o
uniforme da escola por roupas sem cor, de esconder os livros debaixo do manto
e, inclusivamente, de deixar de ir à escola». O nosso filho de oito anos
sugeriu que deviam construir uma estátua por Malala. A nossa filha de seis anos
fez a típica pergunta "se Malala tinha brinquedos, quem toma agora conta
deles???. Perguntou também se os pais de Malala estavam chorando. Decidimos
dizer-lhe que sim, mas que não choravam apenas pela filha, mas por todos os
meninos do mundo a quem negam os direitos humanos.
Como Malala, os seus pais
são ícones de força e valentia. O pai de Malala também lutou pelos direitos das
meninas à educação, é o diretor de uma escola, professor e poeta. Na manhã
seguinte à notícia mostramos-lhes fotos de crianças de todo o Paquistão com a
imagem de Malala e a rezar nas escolas.
O meu filho estava preocupado com as
meninas que foram fuziladas por defender Malala. Disse-lhe que eram conscientes
do perigo, mas o seu apoio reflete a quantidade de "Malalas" que há e
o que isso significa para eles. Todos os paquistaneses devem saber a importância da educação e a sua valentia inspirou-os. Os meus filhos ainda estão tentando entender
e perguntam-me: "Porque é que os homens pensaram que tinham de matar Malala?"
e eu respondo-lhes: "porque a educação é muito poderosa". Os disparos
sobre a Malala golpearam o coração da nação, e os talibãs negam-se a retirar-se
(ou a recuar), e as pessoas do Paquistão tão pouco o farão. Este ato violento e
cheio de ódio parece ter tido o efeito contrário da sua intenção e os
paquistaneses manifestaram-se abraçando os valores de Malala e rejeitando a
tirania do medo.
"Que isto seja uma lição", afirmou o porta-voz do
talibã paquistanês, Ehsanulá Ehsan. "Sim, que isto sirva de lição. Que a
educação é um direito humano fundamental, um direito que não se negará às
meninas do Paquistão".
As meninas do Paquistão uniram-se sob o lema «Eu
sou Malala» e elas não estão sozinhas. As mães e professoras de todo o mundo
falam aos filhos e alunos sobre a Malala e incentivam-nos a formar parte deste
levantamento pela educação para as meninas. No Paquistão surgiu um movimento
nacional impulsionando a reconstrução das escolas e a necessidade de educar
todas as crianças, incluindo as raparigas. Este terrível acontecimento marca o
começo de uma revolução necessária pela educação das mulheres.
Malala é a prova
de que não só é precisa a voz de uma pessoa valente para inspirar um sem número
de homens, mulheres e crianças. Nas aulas e nos lugares de todo o mundo, as
mães, os pais, filhos e filhas rezam pela rápida recuperação de Malala,
comprometendo-se a carregar a sua tocha no dia em que os prêmios Nobel se
reúnam para determinar o Nobel da Paz: acredito que a valente Malala será tida
em consideração»
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