sábado, 12 de agosto de 2017

Jornalista Baby Garroux: Bombástica a pesquisa de edição genética de embriões humanos a partir da técnica CRISPR...





O encontro sobre o tema foi dirigido por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon (noroeste dos EUA).

O CRISPR permite eliminar do genoma determinadas sequências de DNA indesejadas, como genes que predispõem a algumas doenças. Mas teve opinião contrária do oncologista indiano Siddhartha Mukherjee vencedor do prêmio Pulitzer em 2010 por sua biografia do câncer (‘O Imperador de todos os Males’), alertando sobre os perigos que essa tecnologia representa. 

No último congresso de câncer, realizado em Chicago, Mukherjee propôs diante de milhares de médicos: “Os testes genéticos permitiram descobrir mutações que podem predispor a sofrer um tumor e em muitos casos melhorou o prognóstico. No entanto, também corre-se o risco de transformar o câncer em uma instituição total na qual o paciente é “constantemente vigiado” e a quem se recorda com frequência demais a ameaça da morte. É um caso em que o conhecimento do genoma pode condicionar a forma de viver nossa vida.”

Voltou a memória o que os nazistas fizeram com a ideia da genética para limpeza racial e os soviéticos a rechaçaram, negando evidência científica.



A eugenia privatizada desmantelado a eugenia estatal não significa que não sejamos capazes de propor as mesmas escolhas individualmente, e é igualmente perigoso. Acho que estamos rumando lentamente para uma nova era. Há poucos meses, a Academia Nacional de Medicina dos EUA tomou uma decisão muito interessante e muito importante. Estava-se debatendo se as alterações genéticas podiam ser permitidas em espermatozoides, óvulos e embriões humanos. Até agora, no Ocidente, decidimos que a engenharia genética é aceitável em células humanas desde que não mude permanentemente o genoma humano. Se em seu corpo você muda as células do sangue ou os neurônios ou as células do câncer, tudo isso não faz com que as mudanças se tornem parte permanente do genoma humano.”

A academia decidiu permitir isso, mas, “alguns são muito autônomos e para essas doenças em que há uma causa direta entre gene e a doença poderíamos tornar essas mudanças permanentes.”

“ Não tenho nenhuma dúvida de que no futuro será possível encontrar uma relação entre doenças como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar e talvez 10 ou 20 variantes de genes que, combinados, podem predizer que o risco de alguém sofrer essas doenças se multiplica por 10 ou 20.  Se eu puder fazer algo a respeito, seguramente sim. Se não, preferiria não saber. Já fazemos isso com a síndrome de Dawn, mas poderíamos começar a descartar particularidades genéticas muito mais sutis. Já fazemos isso. Quase não nascem mais pessoas com síndrome de Down.”



A fronteira entre a doença e a normalidade, uma linha que mudou durante nossa própria vida. A homossexualidade era considerada uma doença até pouco tempo atrás. Vinte anos depois, no ocidente, percebemos que é fundamentalmente uma variação humana. Em muitas sociedades ainda é considerada uma doença e você pode ser morto por causa disso. As linhas entre a normalidade e a doença são flexíveis. A pergunta é como começaremos a saber o que significa um sofrimento extraordinário para você. Quem pode definir isso? O Estado vai fazer uma lista. As linhas são flexíveis. Quem vai delimitá-las?”....

Nossa decisão para intervir nisso não pode ser tomada apenas por cientistas. Tem que ser um processo político muito mais amplo. E para fazer isso precisamos do vocabulário, dos antecedentes, da história, e precisamos compreender as limitações e pensar sobre o futuro.”

Se não reconhecermos a transição, cometeremos muitos erros horríveis. Não quero restringir o conhecimento, mas sim reconhecer a anatomia do conhecimento.”


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