segunda-feira, 4 de março de 2013

MÉDICOS SEM FRONTEIRAS



A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) enviou profissionais de saúde adicionais para a cidade de Kitchanga, no leste da República Democrática do Congo (RDC), após violentos confrontos entre grupos armados terem resultado em mortes e em um grande número de feridos. 
“Os bombardeios atingiram um hospital, matando duas pessoas e deixando outras oito feridas”, conta Hugues Robert, chefe de projeto de MSF para a província de Kivu do Norte. “Estamos pedindo a todos os envolvidos no conflito que respeitem a neutralidade das estruturas de saúde”, adiciona. É coisa de filme...
O acesso ao local, para levar cuidados de saúde essenciais à população, tem sido extremamente difícil e desafiador. Diversas pessoas feridas foram transferidas para Mweso e Goma para continuarem em tratamento.  Muitas propriedades da cidade foram destruídas, incluindo a base de MSF, e pânico e medo se alastram, à medida que tensões entre as comunidades da região aumentam. Até o momento, mais de 135 pessoas foram feridas e centenas de habitantes da cidade fugiram de suas casas. Há reportes de mais de 55 mortes de civis, número que pode aumentar, já que muitas casas foram incendiadas. Diversos dos profissionais congoleses trabalhando com MSF fugiram, temendo por suas vidas. Anteontem, um cirurgião, um anestesista, um enfermeiro e um logístico de emergência foram enviados de helicóptero ao local para prestar suporte adicional à equipe que está atuando em Kitchanga. Ataduras, kits cirúrgicos, medicamentos, lonas plásticas e tendas também foram entregues. 
MSF oferece cuidados de saúde primária e secundária na província de Kivu do Norte, prestando suporte aos hospitais de referência em Mweso, Pinga, Masisi e Rutshuru, aos centros de saúde, clínicas móveis e postos de saúde em Kitchanga, Mweso, Pinga, Masisi e Rutshuru e ao centro de tratamento de cólera (CTC) em Goma e regiões vizinhas. Inacreditável. 
"Já faz quase dois meses que estou em Gogrial. O tempo está voando para mim, mas também tenho tido tanto trabalho que nem percebo as horas passarem." A médica Raquel Soeiro conta em seu diário de bordo sobre a satisfação de abrir uma enfermaria para crianças desnutridas no projeto de Médicos Sem Fronteiras em Gogrial, no Sudão do Sul. “As crianças não ganhavam peso por que viam outras comidas e recusavam o leite e o Plumpy Nut”. 
"A equipe já mudou completamente desde que cheguei aqui. Já estou com o terceiro cirurgião; o primeiro era de Camarões, superssimpático, mas não gostava de trabalhar; o segundo, americano, achava que cirurgiões mereciam tratamento especial porque eram quase deuses; e o terceiro, também americano, já é bem mais velho, tem muita experiência com MSF e é superssimpático e disponível. Ele aceitou até dividir os plantões com o resto da equipe médica. O novo chefe médico também é ótimo, vem das Filipinas, e tem muita experiência em cirurgia e em MSF. É superprofissional e quando estamos reunidos é superlegal também. Para mim está sendo ótimo porque agora realmente tenho um médico mais experiente para discutir os casos. O anestesista foi para um treinamento em Hong Kong e ainda não voltou. Então, faz quase um mês que estou trabalhando sem parar."
A malária aumenta a cada dia. Abriram enfermaria para desnutridos. Encontraram desnutridos misturados com outros pacientes. As mães não entendiam porque seus filhos estavam “tomando leite”, enquanto outros pacientes só recebiam remédio. As crianças não ganhavam peso porque viam outras comidas e recusavam o leite e o Plumpy Nut e as mães fugiam porque “leite não é remédio”. O povo dinca é bem alto e as crianças desnutridas são formiguinhas perto do resto da população. 
"Posso dizer que estou muito cansada, mas feliz. Não tenho dúvida quanto à necessidade da presença de MSF neste país. Não dá nem para imaginar o que é ter crescido no meio de uma guerra. Não é à toa que a maioria das pessoas não se preocupa com o trabalho; nunca tiveram um. A maioria estudou em campos de deslocados e nunca frequentou uma escola de verdade. É muito triste."


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