Primeira parceria do DiCaprio com Quentin
Tarantino. DiCaprio interpreta Calvin Candie, um fazendeiro dono de escravos no
Sul dos Estados Unidos que se diverte vendo dois negros lutando violentamente
até a morte enquanto bebe seu coquetel. "Candie é a decadência moral do
Sul dos Estados Unidos", exalta o ator em sua única entrevista ao Brasil. "Ele
representa tudo que havia de errado naquela região no período da escravidão.
Nunca fiz um personagem tão terrível, racista e narcisista. Foi repugnante
interpretá-lo."
DiCaprio, vilão do filme de
Tarantino é moralmente desafiador para um ator que o próprio Tarantino admite
que "o odeia". "Quando li o roteiro, eu pensei: 'Meu Deus, o que
está acontecendo?' Falei para Quentin que havia coisas ali que eu não poderia
aceitar. Ele mudou um pouco, mas explicou que não poderíamos mostrar aqueles
horrores de outra maneira, senão estaríamos suavizando o que aconteceu",
conta o ator.
O astro sabia onde estava se metendo. A polêmica levantada por
Spike Lee sobre o uso exagerado da palavra "nigger", ofensiva à
comunidade afro-americana, era esperada. "Não fiquei surpreso.
Mas nada no filme é pior do que os eventos reais. Se você assistir a qualquer
documentário sobre o período de escravidão nos Estados Unidos, verá que 'Django
Livre' só mostra a ponta do iceberg", afirma.
"Há poucos filmes com
vontade de correr riscos e esse é um deles. O longa quebra barreiras. A
escravidão é um período sombrio da história. Mas integrar o tema de forma crua
e repugnante a um faroeste espaguete? É revolucionário."
Ele chegou ao set de
"Django Livre", em
Nova Orleans , meio desconfiado. Precisaria humilhar Django
(Jamie Foxx), o caubói em busca de vingança, e Stephen (Samuel L. Jackson), o
escravo caseiro. "Foi difícil entrar em um grupo de atores que respeito e
tratá-los daquela maneira", confessa. "Mas Samuel mostrou que eu
precisaria ultrapassar limites e abraçar a maldade do personagem. Ele fez o
papel mais difícil e chama Stephen de 'o negro mais odioso do cinema'",
revela DiCaprio, que foi esquecido pelo Oscar.
"Reconhecimento é bom. Mas
os prêmios não podem guiar ninguém na carreira, aprendi isso anos atrás."
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