O Teatro Bolshoi da Rússia convidou o
coreógrafo moderno e diretor artístico do Les Ballets de Monte Carlo para
ensinar os dançarinos mais conservadores de Moscou a se soltar no palco.
Jean-Christophe Maillot, 52 anos, nascido na França, liderou a companhia de
Monte Carlo por quase 20 anos e durante essas duas décadas nunca criou um balé
para uma companhia de fora, até agora. O balé dramático, deve estrear na
próxima temporada, a número 237 do Bolshoi. "Nos últimos 20 anos, eu nunca
montei uma única apresentação em uma trupe que não fosse a minha. Mas não foi
porque eu não quis, foi porque para fazer um balé eu preciso ter uma forte
relação com as dançarinas que trabalho", disse Maillot.
"Bolshoi, eu realmente quero
fazê-lo. Será uma experiência única para mim, mas espero também ensinar algo
aos bailarinos."
Os russos, começaram a engajar-se em
dança moderna nas academias de coreografia e teatros. Os integrantes do Bolshoi
disseram que se sentiram estranhos, enquanto os coreógrafos que já trabalharam
com bailarinos locais na Rússia descobriram que a "precisão" dos
movimentos muitas vezes atrapalhou.
Anúncio feito durante uma entrevista
coletiva recente no Bolshoi, onde Maillot apresentou sua criação de quatro
pessoas, fortemente erótica, "Daphnis e Chloe", que vai além do
repertório clássico do balé russo.
Demorou três anos para Filin convencer
Maillot, cujo grupo já se apresentou no Bolshoi várias vezes antes, a vir
trabalhar com bailarinos russos. "Eu venho convidando Jean-Christophe
há três anos. Toda vez que ele trouxe seu balé aqui eu ficava dizendo. Vamos
fazer algo novo, vamos fazer algo que você nunca fez. Desta vez eu disse a
ele que estava na hora, antes do momento passar", disse Filin.
Maillot estava ansioso para trabalhar
com bailarinos russos, desafio de ensiná-los a serem um pouco menos sérios no
palco. "O desafio de trabalhar com bailarinos muito acadêmicos é que
eles não entendem a sutileza de agir, eles tornam isso muito acadêmico",
disse Maillot à Reuters. "Acho que para um grupo com esses bons
conhecimentos técnicos é muito mais fácil fazer uma dança que se destaca por
seu radicalismo em vez de sua leveza", acrescentou.
A coreografia só era bem-sucedida
quando desaparecia da dança, deixando as personalidades se expressarem, algo
que os bailarinos russos ainda têm de dominar.
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