quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DUBAI PARECE SAIR DA CRISE!!!

Uma imensa “aerotrópolis” - quase o dobro do tamanho do Aeroporto de Heathrow, perto de Londres - está sendo erguida nas areias de Dubai. No projeto, distribuir carga e pessoas para as cidades vizinhas, que deverão passar por um boom na próxima década. Ou seja, entraram no bem pensado e engavetaram a réplica da Strip de Las Vegas e de uma cópia da Grande Pirâmide de Gizé.

Ampliam estradas para envio rápido de bens para o aeroporto, vindos dos navios no porto próximo de Jebel Ali, o maior do Oriente Médio, para rotas de entrega ainda mais rápidas pelo ar. O sistema de metrô está se espalhando pela cidade, esperança de que as pessoas voltarão de novo para esta cidade, à medida que e economia global ressuscitar. A Dubai World - a gigante de investimento estatal que tomou emprestado bilhões para ajudar a construir esta metrópole no deserto e empreendimentos extravagantes como a ilha artificial em forma de palmeira - assiste Dubai voltar ao básico. Só prioridades, visando conduzir Dubai a um futuro baseado menos na ostentação, e mais na retomada de suas raízes como centro dominante de comércio entre o mundo industrializado e o Oriente Médio rico em petróleo.

Enquanto o mundo padecia na recessão, Dubai não fez pausa por um instante na construção do aeroporto e de uma imensa rede logística”, disse Jim Krane, autor de “City of Gold” (cidade de ouro), uma história de Dubai. “Assim, quando a economia global se recuperar, eles estarão prontos.”
 
A economia continua agitando negócios, com bancos e hotéis, apesar das políticas do governo permanecerem altamente opacos. O sistema de segurança é gritante com câmeras de segurança por toda cidade, continua sendo a sociedade mais ocidentalizada e tolerante em uma região atormentada pelo crescente fundamentalismo islâmico. Não há ninguém em um raio de 1.600 quilômetros que se aproxime de igualar o que Dubai construiu”, disse Simon Williams, um analista de Dubai para o HSBC. “Ele está lidando agora com os efeitos da desaceleração, mas crescerá de novo.”

Dubai está refreando excessos, como a publicidade negativa de seu estilo de vida opulento e gastos perdulários. E, ambições de tirar o fôlego do xeque Mohammed bin Rashid al Maktoum, o soberano de Dubai. Assessores substituídos por membros das famílias de negócios mais comedidas de Dubai. Bloomingdale’s e outras grandes marcas americanas estão em Dubai. Há uma nova injeção de conservadorismo em Dubai”, disse Steven Blackwell, um especialista independente em Oriente Médio. “A velha abordagem vale tudo não mais se aplica –o jogo mudou.”

Claro que Dubai enfrenta obstáculos consideráveis para sua reinvenção de volta para o futuro, como a continuidade da incerteza a respeito das perspectivas de crescimento nos Estados Unidos e na Europa, cuja desaceleração tem enfraquecido o comércio e os negócios no emirado. A economia de Dubai é totalmente baseada em serviços, carente de manufatura e agricultura, o que a torna altamente dependente das tendências globais no comércio, serviços bancários e turismo. E outras cositas mais!!
 
Alguns empreendedores continuam plantando florestas de arranha-céus na periferia da cidade, que parecem que apenas deprimirão ainda mais os preços e atrapalhar a recuperação. A crise imobiliária expôs problemas severos com a governança. Milhares de disputas em torno de propriedades estão em um limbo legal, devido ao sistema judiciário federal arcaico baseado na lei árabe, que confunde os ocidentais e faz muitos pensarem duas vezes antes de investir em Dubai, mesmo se a sorte mudar para melhor. O Fundo Monetário Internacional previu que a economia de Dubai sofrerá uma retração de 0,5% neste ano, após uma contração de 2,5% em 2009.

A Dubai World obteve aprovação pelos credores de um plano para a dívida de US$ 24,9 bilhões. A Dubai International Capital, outra holding estatal, planeja pagar uma dívida de US$ 2,6 bilhões com a venda de ativos.

Dubai fala mais alto do que a política e a ideologia. Depende de Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, que interveio relutantemente para salvar Dubai, com um resgate de US$ 20 bilhões. Os elos familiares e tribais entre ambos os emirados remonta gerações. Vasta riqueza do petróleo e força diplomática como um dos principais aliados dos Estados Unidos no Golfo, Abu Dhabi consolida discretamente sua antiga influência conservadora sobre seu vizinho gastador, segundo diplomatas ocidentais e analistas. Está claro que por mais chamativa e emergente que seja Dubai, é Abu Dhabi que controla basicamente tudo o que se passa, porque tem dinheiro”, disse um analista do Oriente Médio daqui, que insistiu no anonimato para evitar antagonizar com as autoridades de Dubai. “Abu Dhabi sempre dará algum apoio a Dubai por causa de seus laços estreitos, mas não necessariamente dará cheques em branco.”

O emirado vendeu US$ 1,25 bilhão em títulos do governo, a primeira venda desde a crise, com vencimentos em cinco e dez anos, noticiou a agência de notícias “The Associated Press” de Dubai.

A influência de Abu Dhabi também está afetando Dubai de outras formas. O fluxo de comércio entre Dubai e o Irã caiu de US$ 12 bilhões para US$ 8 bilhões há dois anos, disse Morteza Masoumzadeh, o vice-executivo da Câmara de Comércio Iraniana. Mesmo assim, cerca de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões são transferidos anualmente de empresas, indivíduos e aiatolás iranianos para os bancos de Dubai, “algo que Dubai gosta muito”, disse Jean-François Seznec, um professor e especialista em Oriente Médio da Universidade de Georgetown, em Washington.

Mesmo enquanto o turismo, o setor imobiliário e os serviços financeiros sofriam um crash, Dubai ainda podia contar com um forte relacionamento com o Irã”, disse Krane, o historiador. “Agora ele precisa recuar, de forma que um por um seus pilares econômicos receberam tiros no joelho, primeiro pelo colapso e agora por pressão política.

Apesar de seus reveses, Dubai cresceu mais rapidamente do que qualquer outro país no Oriente Médio. E continua atraindo investimento dos países vizinhos, incluindo o Afeganistão e o Paquistão. Quase todos os gigantes corporativos do mundo, da General Electric dos Estados Unidos até a Tata Industries da Índia e HSBC de Londres, estabeleceram suas sedes no Oriente Médio em Dubai. A menos que algo muito pior aconteça, elas dificilmente serão atraídas para Abu Dhabi ou outros lugares na região que tentarem atrair empresas ocidentais.

Dubai conta com a melhor infraestrutura de qualquer cidade no Oriente Médio”, disse Jan Willen Plantagie, o administrador para Oriente Médio do serviço de classificação de risco Standard and Poor’s. “Este não é o fim de Dubai. Apenas uma mudança dolorosa.”

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