Pouquíssima
gente conhece os bastidores de músicos além-mar que chegam em solo tupiniquim. Mas
o Mark Blake, decidiu contar tudo no livro que está ‘causando’. O autor conta as
diversas dificuldades da banda na Argentina e Brasil, com promotores locais
incapazes de bancar o cachê, policiais corruptos que exigiam suborno para tudo.
No
Brasil, o Queen fez show só no Estádio do Morumbi, mas tentou várias vezes
conseguir autorização para tocar no Maracanã. Todas as tentativas foram negadas
pelo governador Chagas Freitas. Para tentar convencer o homem, a banda ofereceu
em troca doações em dinheiro para obras de caridades da primeira-dama do
estado. O governador, declarou que o estádio só poderia receber "eventos
de relevância desportiva, religiosa ou cultural" (como a visita do Papa,
em 1980, e o show do Sinatraem 1981).
A
turnê começou pela Argentina e Freddie Mercury queria reproduzir mesmo show que
fazia na Europa e nos Estados Unidos toneladas de equipamentos. A banda abriu escritório
em Buenos Aires responsável por negociar as apresentações na América Latina. No
livro, o fotógrafo da banda, Peter Hince, disse que "as coisas se desenrolaram
da maneira costumeira. Você paga a alguém e eles deixam você entrar. Todas as
transações eram feitas em dólares norte-americanos, e o escritório do Queen
providenciava para estes circulasse em quantidade suficiente".
Queen
tinha apresentações marcadas em Córdoba e Belo Horizonte, mas foram desmarcadas
por "qualquer motivo". Na Argentina, pediram para a banda não tocar
"Don't Cry For Me Argentina". "Havia uma preocupação de que, com
uma plateia tão vasta, o evento pudesse assumir um caráter político",
disse Mercury. No camarim, Diego Maradona posou para uma antológica foto em que
Freddie Mercury aparece mostrando o traseiro para a câmera.
No
Brasil, a banda tinha que transportar as 100 toneladas de equipamento por terra
da Argentina até São Paulo "atravessando selvas". "Ao chegarem à
fronteira brasileira, se depararam com oficiais alfandegários determinados a
examinar cada peça do equipamento. Só depois de acordo estabelecido: quantidade
de dólares norte-americanos", diz o autor.
“Os
shows na capital paulista contaram com guardas costas recrutados dentre os
membros do tristemente famoso 'Esquadrão da morte', uma ramificação
extraoficial da polícia brasileira", escreve o autor. "Eles eram
aqueles policiais realmente brutais, capazes de matar pessoas por qualquer
motivo banal", disse Mercury.
No
Morumbi, a iluminação pifou e foi preciso alugar novos spots. Para não
terem os equipamentos confiscados, logo que os shows acabaram, uma equipe
transportou as 100 toneladas direto para o aeroporto e um dos integrantes do
staff da banda passou 18 horas montando guarda até que tudo pudesse ser
embarcado em uma avião de carga para os Estados Unidos, com escala em Porto
Rico.
Muitas
cositas aconteceram, mas o grupo lucrou US$3,5 milhões de dólares com a turnê
pela América Latina.
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