quarta-feira, 26 de março de 2014

Kiruna, a cidade "engolida" por uma mina.







A Suécia vai relocar Kiruna, cidade que está sendo "engolida" por uma mina. A cidade será deslocada para um novo local, a pouco mais de três quilômetros de distância. Os arquitetos do projeto da nova cidade vislumbram uma cidade com maior ênfase em sustentabilidade
A remoção se dará ao longo dos próximos 20 anos e um total de 20 mil moradores serão transferidos para novas residências, construídas em volta de um novo centro municipal. Posso imaginar o trabalho enorme e complexo.
Mikael Stenqvist, um dos arquitetos diz: ''Quando as pessoas ouvem dizer que estamos projetando, criando e construindo uma cidade inteira do zero, pensam que se trata de um experimento utópico, mas, há demasiadas coisas em jogo para encarar o projeto como um mero experimento. 'Se esse projeto der errado, a sobrevivência de Kiruna, de seus habitantes e de sua economia estarão ameaçados. Isso nos preocupa muito. É diferente de qualquer projeto que já tenhamos realizado.''
Mais de 3 mil casas e edifícios, diversos hotéis e 2,2 mil metros quadrados de escritórios, escolas e hospitais serão esvaziados ao longo das próximas duas décadas - enquanto construções alternativas são erguidas no novo local. ''Nós queremos manter o máximo possível da velha cidade, mas os custos e as dinâmicas do mercado nos impedem de transferir tudo'', afirma Stenqvist.


A decisão foi determinada por uma mina de ferro local - um dos mais valiosos depósitos de minério de ferro de toda a Suécia e o principal empregador de Kiruna. O projeto teve início em 2004, quando a companhia estatal de mineração Luossavaara-Kiirunavaara AB (LKAB) enviou uma carta ao governo local explicando a necessidade de fazer uma escavação mais profunda em um morro situado perto da cidade, o que poderia fazer com que o solo abaixo de milhares de apartamentos e edifícios públicos sofresse rachaduras ou mesmo cedesse. Uma década depois, gigantescas rachaduras vêm aparecendo nas construções da cidade, não resta mais dúvidas de que não se trata de uma mera precaução.
"Todos que vivem em Kiruna sabem que a cidade vai ser relocada, e todos conseguem ver que a mina está devorando a cidade. A questão é quando isso aconteceria", afirma Viktoria Walldin, uma das antropólogas contratadas para trabalhar na relocação.
Os moradores de Kiruna estão vivendo em um estado de "suspensão" por quase 15 anos, o que os impede de tomar decisões importantes, como comprar uma casa, redecorar a residência, ter um filho ou abrir um negócio. Chegou a hora em que um monte de gente poderá se libertar e pensar: 'Finalmente está acontecendo, serei capaz de fazer investimentos e planos pelo resto da minha vida.’
Milhares de pessoas envolvidas: planejadores urbanos, paisagistas, biólogos, engenheiros civis, homens de demolição e peritos em construção e empreiteiras.
A nova cidade, fica a 145 quilômetros do Círculo Ártico, e o sol nunca se põe entre maio e agosto. É sempre noite entre dezembro e fim de janeiro. As temperaturas são baixas, na faixa de -15 graus, durante boa parte do ano, com neve ao longo do ano todo.

A nova cidade receberá a visita de mais turistas, auxiliando os negócios locais. O famoso Hotel de Gelo, de Jukkasjarvi, nas imediações, atrai mais de 100 mil pessoas por ano à área, mas os turistas dificilmente se dão ao trabalho de fazer uma viagem de 15 minutos a Kiruna.

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