sábado, 15 de março de 2014

Brigitte Bardot a mais amada de volta.




O Festival Internacional de Documentários ‘É Tudo Verdade’ através de Amir Labaki anuncia a programação da 19.ª edição do evento que coordena (entre os dias 3 e 13 de abril) com homenagem simbólica, lembrando a importância de Coutinho para o documentário brasileiro e o fato de ele ter sido sempre um amigo do evento.
Documentário top sobre um dos ícones do século 20, BB – Brigitte Bardot. Bardot – La Méprise (Bardot – A Desprezada), de David Teboul, integra a mostra Programas Especiais do festival e já tem duas sessões previstas, nos dias 7 e 8 de abril, no Cine Livraria Cultura.
O filme fez história na França e atraiu mais público ao ser exibido na TV, pela Arté.
O diretor fala do É Tudo Verdade, de Brigitte e do próximo projeto, baseado na correspondência de Antonin Artaud: “Na verdade, é preciso esclarecer que se trata de uma falsa encomenda. Sempre quis fazer um filme sobre ela. Desde que me iniciei nesse mundo do cinema, e me tornei documentarista, sempre pensei num filme sobre Brigitte Bardot. Garoto, sonhava com sua imagem sensual e, adulto, sempre me impressionei com essa mulher que um dia jogou tudo para o alto. O Desprezo/Le Mépris, de Jean-Luc Godard, é o maior papel de Brigitte. Godard, de alguma forma, intuiu que ela largaria tudo. E se trata de um grande, de um imenso filme.”
As pessoas tem a tendência de desprezar Brigitte porque se tornou uma velha excêntrica. Uma senhora dama eu diria, que vive isolada com seus animais. Uma mulher que abandona tudo, que se recusa a viver seu destino imposto pela sociedade, mesmo que seja a sociedade do entretenimento.
A própria Brigitte é a grande ausente de seu filme. Ela fez apenas uma exigência, não aparecer. “Ela abriu suas casas míticas em La Madrague, e me franqueou as centenas de horas de filmes domésticos que seu pai fez desde que ela era bebê, muito antes de virar BB. E eu tinha os filmes que esculpiram sua imagem. Eu já queria fazer um documentário sobre ela, mas sem Brigitte. Isso facilitou muito as coisas. Tenho dois recitativos, dois textos. Um é feito de minhas reflexões, até de minhas obsessões por e sobre ela. O outro são textos da própria Brigitte em seu livro autobiográfico, e que são lidos por Bulle Ogier."



Brigitte, la méprise, c’est Brigitte, la tragedienne. 

Brigitte sempre foi trágica. Do que tratam as tragédias? De relações familiares. E Brigitte, que desde criança foi sempre ligada aos animais, desprezou a própria maternidade. Seu filho Nicolas, que teve com Jacques Charrier, foi abandonado por ela. Como revanche, ao virar adulto, ele foi morar na Escandinávia, longe dessa mãe que o rejeitou. Até nisso ela foi trágica. No início ela era uma mulher-criança, que assumia sua sexualidade com inocência, quase sem consciência de estar se desnudando, de estar provocando os homens. Foi o que fez da jovem BB um furacão que assolou o mundo nos anos 1950. As vamps americanas eram fatais. Brigitte parecia infantil, fazendo beicinho. Só que as iniciais BB colaram nela como ferro, e ela fez o que pôde para se desvencilhar.”
Não gostaria que Bardot – La Méprise fosse visto como obra sensacionalista, porque não é. É um filme sobre o fantasma, sobre a ausência, como você define. Mas a todo momento temos a impressão de que Brigitte vai romper o isolamento e surgir. Ela aparece, por sinal, fugazmente, meio na sombra, com seus bichos. O acordo foi cumprido até o fim porque é o conceito do filme.”
No caso de Brigitte, poderia ter feito um filme de entrevistas, porque tem muita gente viva, até ela, mesmo que não esteja interessada em falar.


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