Maestro, podemos fazer uma
foto aqui, no hall de entrada? De jeito nenhum. No palco, então? Na plateia?
Não, não. Algum motivo em especial? "Você já reparou que, de dez em dez
meses, vem um maestro aqui e tira foto na escadaria ou no palco?", indaga
John Neschling, brincando com a recente troca sucessiva de diretores do Teatro
Municipal, enquanto caminha em direção ao restaurante da casa. "Não. Eu
sento aqui e vocês me fotografam enquanto converso. Assim fica com movimento,
nada de figura monárquica com a escadaria ao fundo", completa, arrumando o
guardanapo no colarinho. "Movimento e trabalho."
Despachado como de costume,
Neschling está oficialmente de volta a São Paulo desde o começo da semana
passada. Na virada do ano, quando foi convidado pelo secretário de Cultura Juca
Ferreira para assumir o Municipal, estava em Berlim. Na sequência,
viajou para a Itália, onde regeu o Réquiem de Verdi em Lecce. Nesse meio
tempo, diz, montou a primeira temporada da casa sob seu comando - sete óperas,
vinte e quatro concertos sinfônicos, séries de câmara, três novos balés.
"Fiz tudo em dez dias. Mas que ninguém fique esperando que a gente resolva
tudo rapidamente. Eu fui chamado aqui para reconceituar o paradigma do teatro.
Isso não acontece de uma hora para outra."
Seu primeiro compromisso
oficial no posto aconteceu no dia 30, quando ele reuniu no palco do Municipal
os artistas dos corpos estáveis - músicos da Sinfônica Municipal, da Orquestra
Experimental de Repertório, do Coral Lírico Municipal, do Coral Paulistano,
bailarinos do Balé da Cidade e professores das escolas de música e bailado.
Durante o discurso, foi
interrompido três vezes por aplausos. O espírito otimista dos artistas ecoa a
boa recepção do meio musical brasileiro à notícia da contratação do maestro ou
mesmo manifestações da imprensa internacional. Em sua edição de fevereiro, por
exemplo, a revista francesa Diapason noticia a chegada repleta de expectativas
ao Municipal de São Paulo do maestro que foi responsável por "construir a
reputação internacional da Osesp", grupo que dirigiu de 1997 a 2009.
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