É lugar comum o sonho de
trabalhar em navios. Até aí, sonho, tudo bem.
Depois que começa o ‘pegar pesado’
a decepção grita mais alto. As denúncias aumentam dia-a-dia sobre trabalho
escravo em cruzeiros de luxo no litoral brasileiro.
Denúncias diretas para a
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) que
encaminhou à Comissão Nacional de Combate ao Trabalho Escravo (Conatrae).
A escravidão foi feita
pelos tripulantes do MSC Magnifica e MSC Preziosa.
Lá vai: submissão a jornadas
exaustivas sistemáticas superiores a 14 horas, maus tratos, fraudes no cartão
de ponto e na contratação dos trabalhadores e assédio moral.
O MTE monitora os
cruzeiros que atravessam o litoral, entrou com auditores fiscais do MTE e
procuradores do MPT. O bafão entra aí: flagrante envolve representantes da
SDH/PR, da Advocacia Geral da União (AGU) e da Capitania dos Portos, agentes da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e procuradores do Ministério
Público Federal (MPF).
As embarcações atuam em
águas brasileiras praticando abuso com os trabalhadores. E no meio dos ‘escravos’,
tripulantes com nível superior.
A empresa resiste ao
pagamento das rescisões por temer uma série de ações e reivindicações por parte
de outros empregados que passam ou passaram por situações semelhantes.
Tipo ‘por fora bela
viola’, quem vê os enormes navios com seus 300 metros de comprimento, nem de
longe sabe o que se passa nos bastidores. Afinal, entre os 4.000 passageiros
existe a tripulação de 1.305 pessoas (funcionários de limpeza, hotelaria, restaurante
e oficiais de navegação).
Quem vai imaginar que pagando R$ 1 mil pela passagem de
uma semana de viagem, esconde no interior um terror a bordo. Parece filme de ‘Sexta-Feira
13’.
Alôo tem lei atrás da
bancarrota. De acordo com a resolução No. 71/2006 do Conselho Nacional de Imigração, um quarto dos
tripulantes de qualquer embarcação que permanecer por mais de 90 dias em
território nacional deve ser de brasileiros. A Abremar diz que os brasileiros
empregados na área, foram 3 mil no ano de 2012. Em 2013 eram 2,5 mil.
Os contratos de trabalho
são firmados com base na legislação do Brasil ou em normas internacionais, e
favorece infrações. Se a pessoa for contratada 30 dias antes ou 30 dias após à
partida do navio da costa brasileira, a lei determina que a relação de trabalho
fique subordinada às regras brasileiras. Se for firmado no exterior, o Direito
Internacional permite que este seja subordinado às leis do país onde o navio
tem a bandeira registrada. Por isso, muitas embarcações tem registro em países
com legislação trabalhista mais frágil, como Indonésia, Tailândia e outros. O MSC
Preziosa tinha registro no Panamá.
Os períodos de serviço não
seguem um padrão regular. No restaurante, o expediente começa às 6hs e continua
durante todo o período da manhã e, às vezes interrompido por intervalos de
cerca de 15 minutos, para voltar na sequência da próxima refeição.
Muitos trabalhadores começam
os serviços logo cedo, com estômago vazio, sem café da manhã.
O que é isso
gente????
Os alojamentos são
ocupados por apenas duas pessoas, é minúsculo, e na maioria das cabines para os
empregados não há luz solar, já que não existem janelas. A temperatura é
controlada por ar condicionado e a luz vem do sistema de iluminação do navio.
Aos passageiros e
oficiais, o luxo. O degrau das escadas e andares superiores é feito com
cristais Swarovski, paredes acolchoadas e decoradas com a figura de animais
marinhos feitos em papel marchet. No salão, crustáceos decoram o local. O chão
dos turistas, é revestido em carpete com tons em azul claro e escuro. Nos
salões, música ambiente. Ui!!!!
Tem licença médica para
tripulantes que necessitam ficar de repouso. Que devem ficar dentro de seu
alojamento. Não lhes é permitido, quando a embarcação se encontra ancorada em
algum porto, que desembarquem ou circulem por outras áreas do navio. Só
desembarca quando a enfermidade é grave e precisa do tratamento de algum médico
especialista em terra. Permanência dos funcionários doentes no interior de seus
dormitórios é vigiada pelos oficiais. No caso de três advertências, o
tripulante é expulso do navio no primeiro porto. Se a pessoa for brasileira e o
navio estiver em costa europeia, seu salário é descontado para custear a
própria passagem de volta para casa.
Assédio com tripulantes são
frequentes no dia a dia das embarcações, principalmente em alto mar. Por isso fundaram
a (OCV-Brasil).
Segundo um
levantamento da OCV sobre assédio sexual foram pelo menos 1.429 violações do tipo
em águas estadunidenses, no período compreendido entre 1998 e 2012. Em águas
brasileiras ainda não há dados específicos.
E tripulantes mortos ou
desaparecidos em cruzeiros?????
Há relatos sobre
oficiais que se valem de seu posto de superioridade para realizar atos de
agressão sexual, cujas vítimas, na maioria, são mulheres. Quando trabalhadores
queixam-se da carga de trabalho ou desrespeito por parte de superiores, usam gênero
colocar em um horário que é próximo do fim do expediente, e assim estendem o
trabalho por mais horas para atender. O tempo a mais não é registrado como
extra.
Chocante a situação que
até serviu como roteiro de cinema.
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