De Fábio Dutra para
revista PODER de março:
Eduardo Suplicy, no início de 2013, avisado por aliados
que Lula trabalhava fortemente contra sua candidatura ao Senado em 2014, tentou
se encontrar com o ex-presidente, rusgas antigas. Deu em nada.
Em carta aberta declarou:
“Há apenas uma hipótese de eu abrir mão de disputar o Senado em 2014: caso você
(Lula) queira disputar”.
Em 2000, o então eterno
candidato à Presidência da República reuniu em sua casa as principais
lideranças do PT – José Dirceu entre eles – para informá-las que estava cansado
e que não tinha a intenção de se candidatar novamente. Diante disso, esperava
que algum dos presentes fosse candidato em seu lugar. Diante da recusa de
todos, resolveu rever sua posição.
Foi procurado por
diversos companheiros para desistir da empreitada. Lula acatara os apelos do
partido para sair candidato, Suplicy manteve sua posição contra tudo e contra
todos e, no início de 2002, forçou a realização de eleições prévias dentro do
PT para a definição do candidato do partido à Presidência. Marta Suplicy lhe
alertou que o fracasso era certo e ele não teria nem 5% dos votos dos
militantes (ele obteve 15,7%).
Ano seguinte, nova
desavença dos “rebeldes” Heloísa Helena e Babá (João Batista Oliveira de
Araújo) do PT, decidiram votar contra o governo na Reforma da Previdência.
Suplicy foi contra a expulsão dos dois do partido e defendeu o direito à
divergência.
Em 2009, na crise dos
“atos secretos” em que o PT se viu bombardeado pela aliança com José Sarney,
então presidente do Senado e alvo das denúncias, Suplicy na tribuna, mostra literalmente,
um cartão vermelho ao político maranhense.
Recentemente, participou
da cerimônia de lançamento da Rede Sustentabilidade, um dos primeiros a assinar
a lista necessária para o reconhecimento do novo partido de oposição pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Amado por seus eleitores
e respeitado até pelos mais antipetistas opositores, Suplicy explica que sua
candidatura é natural. O único problema seria sua saúde, já que o mandato de
senador dura oito anos e ele terá 81 ao deixar a casa em 2022, caso se eleja no
pleito de outubro. “Fiz um check-up no fim do ano passado e meu médico garantiu
que poderei ser candidato por mais três vezes tranquilamente”, conta.
A vida de atleta de
Suplicy hoje continua. Foi campeão de boxe na juventude, corre no Parque do
Ibirapuera, tem aulas com personal trainer. Os jovens assessores reclamam da
dificuldade em acompanhar o pique do político.
A popularidade se deve à
civilidade com a qual se dirige a qualquer pessoa. Ele é um gentleman, e
fornece seu telefone pessoal a quem quer que lhe peça e responde a todo tipo de
requisição.
Leva o apelido de “senhor
Renda Mínima”, em Brasília, sobre justiça social, tal qual um universitário em
um centro acadêmico. “A melhor forma de buscar isso, nos mínimos detalhes, é a
implementação da renda básica de cidadania.”
Eduardo Matarazzo
Suplicy, membro de uma das mais tradicionais famílias de São Paulo, bisneto do
conde Francesco Matarazzo, o homem mais rico do Brasil na primeira metade do
século 20, passou a se preocupar com as mazelas da população pobre. Rico,
entrou pelos caminhos da esquerda e se tornou um dos fundadores do Partido dos
Trabalhadores. “Fui criado em uma família católica com forte preocupação com a
questão social. Certa vez, no lançamento de um livro de Carolina Maria de Jesus
(escritora negra que vivia em uma favela e se notabilizou pelos diários em que
registrou o cotidiano da população pobre de meados do século passado) a
convidei para ir almoçar em casa. Quando chegamos, minha mãe estava recebendo
alguns políticos importantes e nos juntamos a eles. Ela narra esse episódio no
livro Casa de Alvenaria, de 1961”, conta.
Eduardo viajou para o
Leste Europeu, atrás da Cortina de Ferro para saber como viviam os comunistas. Publicou
um artigo com um conselho que gostaria de ter dado ao bisavô: que ele
democratizasse a participação acionária das Indústrias Matarazzo entre seus
mais de 100 mil trabalhadores.
Leia na íntegra em
PODER.
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