O cardeal brasileiro Odilo
Scherer, 63, disse ontem que o conclave não é uma "corrida política"
e pediu orações para que a igreja consiga cumprir sua missão num "tempo
difícil".
Seguindo o protocolo, evitou se apresentar como candidato ao
celebrar sua última missa em Roma antes das votações secretas, que começam
amanhã e apontarão o novo líder do catolicismo.
O arcebispo de São Paulo foi
recebido na igreja de Santo André do Quirinale, da qual é o cardeal titular,
por mais de 50 jornalistas de vários países. Acenou para fotógrafos e cinegrafistas,
mas só quis falar, na sacristia, à TV religiosa Canção Nova. "Não se trata
de uma corrida política, não se trata de campanha. Trata-se realmente de entrar
num clima de oração e acolhida para aquilo que Deus quer que seja para a sua
igreja", afirmou. "A gente pede que todos se unam a nós [cardeais] em
oração pelo conclave, pela escolha daquele que será o sucessor de Pedro",
acrescentou.
Na cerimônia, celebrada em italiano, o brasileiro pediu que os
fiéis confiem na igreja e citou um "tempo difícil", sem fazer
referência direta aos escândalos que atingiram o Vaticano durante o pontificado
de Bento 16.
"Convido a rezar para
a igreja cumprir bem a sua missão neste tempo. Seguramente um tempo difícil,
mas também de muita alegria", disse.
"Hoje, todas as
igrejas de Roma têm muita vibração, muita festa com a presença dos cardeais que
são titulares rezando pelo conclave."
Em tempo de quaresma, o
cardeal concentrou o sermão na ideia de reconciliação e disse que muitas
pessoas estão vivendo "como se Deus não existisse ou não fosse
importante" em suas vidas.
A única menção ao papa
emérito foi feita por uma fiel convidada a ler trechos da Bíblia. Ela agradeceu
a Bento 16 por ter "cuidado do povo de Deus com caridade".
A missa atraiu poucos fiéis
locais. Lotavam muitas câmeras de TV a igreja, joia barroca projetada por Gian Lorenzo
Bernini e concluída em 1670. Scherer só falou em português ao saudar a presença
do embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Almir Barbuda.
O cardeal entrou em
procissão, concedeu uma bênção especial e posou para fotos com um casal de
idosos italianos que festejava 70 anos de casamento e deixou cair uma hóstia no
chão na hora da comunhão. "Há 70 anos eu nem tinha nascido. Que
belo", disse d. Odilo.
Antes de ir embora, ele
recebeu cumprimentos de religiosos brasileiros que disseram torcer por sua
escolha no conclave. "Deus já é brasileiro, só falta o papa", disse
na saída o padre potiguar João Maria do Nascimento, 42.
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