quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mario Garnero é presidente do Conselho de Administração do Grupo Brasilinvest


Não é segredo para ninguém que o resultado do PIB brasileiro em 2012 foi bem aquém do que esperávamos. Depois de um 2011 bastante positivo, quando ultrapassamos a Inglaterra e passamos a ocupar a 6.ª posição no ranking das maiores economias do mundo, em 2012 demos um passo atrás e deixamos que a Inglaterra retomasse sua posição. Infelizmente, foi um ano de "pibinho": 1,3%, o segundo pior da América Latina, que teve PIB médio de 2,7%. O cenário fica ainda menos alentador se fizermos uma análise global: ficamos em 155.º lugar numa lista de 217 países. Sim, foi feio. Mas, depois de passar por isso, será possível retomar um "pibão"? Será possível retomar o jogo econômico depois de perder feio a partida de 2012 e continuar dividindo o campeonato com os maiores países do mundo?

Sem falsas esperanças, acredito que sim. Os sinais e esforços já começaram até a acontecer. Em agosto de 2012, com o anúncio do "PAC das Concessões", um programa que contempla mais de US$ 130 bilhões em investimentos em infraestrutura nos próximos 25 anos e retoma as privatizações, houve um primeiro movimento nesse caminho. Se realmente o plano cumprir o que promete, melhorar o sistema de transportes e aumentar a competitividade do Brasil, esse pode ser de fato um impulso para o PIB brasileiro voltar a crescer de forma significativa. Outros programas do governo federal podem ser igualmente positivos para a economia brasileira, como a promessa de entrega de 3,4 milhões de casas até o fim de 2014 no programa Minha Casa, Minha Vida e o programa Ciência sem Fronteiras, que promete levar até 20 mil estudantes brasileiros para universidades no exterior - uma necessidade para o Brasil, que está muito atrás de Índia, China e Arábia Saudita nesse quesito (todos esses países têm mais de 200 mil universitários no exterior). Mas os principais fatores que alimentam minha esperança são a atual economia em pleno emprego, que traz a correspondente ascensão social, os juros civilizados e o surpreendente desempenho de alguns setores industriais em 2012, como o automobilístico.

Sim, existe a chance de virarmos o jogo, só que também há uma igual, ou talvez maior, de repetirmos o mau resultado de 2012. Muita gente menos positiva aposta nisso e, honestamente, basta que os pontos citados acima não funcionem para que o "pibinho" volte a nos assombrar.

E ainda há outros vários fatores que precisam ser trabalhados para que o fortalecimento de nossa economia seja real e consistente: precisamos de medidas extremas para desburocratizar os setores públicos; a economia brasileira precisa abrir-se a talentos de fora e a oportunidades no exterior; o controle da inflação pelo controle do déficit público é mais importante do que os controles de juros e câmbio; a corrupção deve ser extirpada; a violência urbana tem de ser tratada com seriedade e combatida com a urgência que merece; e, por fim, precisamos esquecer a tônica que a desvalorização da moeda pode ajudar as nossas exportações, porque com ela vem a inflação - e todos nós pagamos por ela. Nosso país precisa de moeda forte, economia estabilizada e infraestrutura humana e física competitiva. Ponto.

Meu sonho é ver o Brasil como a 5.ª economia do mundo até o final da década. Mais ainda, é ver o Brasil subir num ranking muito especial: o de felicidade. As organizações mais respeitadas para mesurar esse índice são a Happy Planet Index e a OECD Life Satisfaction Rate. No ranking de 2012 das duas organizações, o Brasil ocupa a mesma posição: um tímido 21.º lugar. Tanto a Argentina quanto o Chile estão na nossa frente nessa lista. Não é hora de sermos tímidos, nem economicamente nem em nossa positividade social, que vem com educação e saúde. O "pibão" só vai ser possível depois de um monstruoso trabalho em diversos setores, com o apoio de toda a sociedade. É cansativo, é desgastante e, para alguns, é quase impossível. Mas é um trabalho que vale muito a pena, porque tenho certeza de que a felicidade vem logo atrás dele.

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