O anúncio da abdicação da rainha Beatrix
ao trono da Holanda não pegou seus súditos de surpresa. Desde o ano passado,
quando seu filho Friso foi hospitalizado em condições gravíssimas depois de ser
atingido por uma avalanche na estação de esqui de Lech, na Áustria, a rainha,
de 75 anos, mostrava sinais de exaustão. Nesse período, o país só teve rainhas
no comando. Beatrix é uma monarca popular, mas não tanto quanto a nora, a
argentina Máxima Zorreguieta, mulher de Willem-Alexander. O casal esteve no
Brasil no fim do ano passado e só deixou simpatia.
Casada desde 2002, a futura rainha
Máxima mesmo pelo fato de seu pai, Jorge, ter sido ministro durante a ditadura
argentina, soube conquistar os holandeses com seu sorriso imbatível e o
nascimento das três filhas, Amalia, Alexia e Ariane. Se Máxima e Willem não
tiverem nenhum filho homem, mais uma vez a Holanda será governada por uma
rainha, Amalia, na próxima geração.
A sucessão de rainhas começou em 1890,
quando a princesa Guilhermina, filha do rei Guilherme III, subiu ao trono com
apenas 10 anos de idade. Sua mãe, a Princesa Ema de Waldeck e Pyrmont, exerceu
a regência até que a jovem completasse 18 anos. Posteriormente, ela se casou
com o príncipe Henrique de Mecklembourg-Schwerin e demorou a dar um herdeiro ao
trono, que só veio oito anos depois, com o nascimento da princesa Juliana, em
1909.
Seguinda a tradição das princesas
holandesas, Juliana também se casaria com um alemão, o príncipe Bernhard de
Lippe-Biesterfeld, em 1937, em pleno auge dos conflitos pré-Segunda Guerra
Mundial com a Alemanha. Em 1940,
a família real holandesa teve de fugir para a Inglaterra
e para o Canadá, só retornando ao país em 1945, quando os alemães foram
derrotados.
O final do reino de Guilhermina também
foi marcado pela perda das possessões coloniais holandesas; em 1948, ela
abdicou ao trono em favor de Juliana, após um reinado de mais de 58 anos.
A nova rainha bem que tentou um
herdeiro varão, mas acabou dando à luz quatro filhas, entre as quais Beatrix,
que por sua vez também se casou em 1966 com um alemão, Claus von Amsberg. Na
época, a opinião pública, ainda sob o impacto da lembrança da guerra, voltou-se
contra o enlace, mas Beatrix impôs sua vontade e subiu ao altar. O casal teve
não apenas um, mas três filhos homens, Willem, Friso e Constantino.
“Me parece um bom momento para dar este
passo”, disse Beatrix no pronunciamento sobre a abdicação. “A responsabilidade
sobre nosso país deve recair nas mãos de novas gerações”. O primeiro-ministro
da Holanda, Mark Rutte, manifestou-se positivamente sobre a decisão. “Tenho
certeza de que o príncipe Willem e a princesa Máxima cumprirão de forma
bem-sucedida suas novas funções”. Máxima será a primeira rainha europeia
nascida na América Latina, à exceção de Dona Maria da Glória, filha de D. Pedro
I, que nasceu no Rio de Janeiro.
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