Após cinco anos longe dos palcos, o artista apresentou um repertório repleto de surpresas, além das dez músicas que compõem o novo CD, 18 faixas, diversos momentos de sua carreira, do início dos anos 60 até hoje. A abertura do espetáculo fica por conta de duas canções diretamente relacionadas às incursões do compositor pela literatura. Enquanto ‘Velho Francisco’ (do álbum ‘Francisco’, de 1978) serviu de inspiração para o seu livro mais recente, ‘Leite Derramado’ – vencedor do Prêmio Jabuti em 2010 –, ‘De volta ao samba’ (‘Paratodos’, 1993) marcou o fim de outro longo jejum musical, quando ficou longe dos refletores por sete anos para se dedicar aos seus primeiros dois romances: ‘Estorvo’ (1991) e ‘Benjamin’ (1995). Músicas que não eram apresentadas por Chico havia muito tempo também integram o novo show, como ‘Anos dourados’, ‘Desalento’, ‘Geni e o zepelim’, ‘Bastidores’ e ainda outras pouco conhecidas do público, como ‘Ana de Amsterdam’, composta para a peça ‘Calabar – o elogio da traição’ (1972), ‘Baioque’, do filme ‘Quando o carnaval chegar’ (1972), e ‘A Violeira’, também feita para a tela grande, parte da trilha de ‘Para viver um grande amor’...
Famosos, amigos queridos, apaixonadas - - como eu - - fãs, muita gente no showzaço do Chico Buarque de Holanda em São Paulono HSBC... Em determinado momento do espetáculo, o artista homenageia seu maestro soberano com uma releitura de ‘Tereza da Praia’, de Tom Jobim em parceria com Billy Blanco, cantada em dueto com o seu baterista Wilson das Neves. Não faltou espaço tampouco para músicas de discos mais recentes, casos de ‘Injuriado’, de ‘As cidades’ (1998), e ‘Choro Bandido’, de ‘Paratodos’ (1993), e para uma breve releitura de um de seus maiores clássicos, ‘Cálice’, cujos versos do refrão foram transpostos para os dias atuais pelo cantor paulistano Criolo. Na nova versão, Chico entoa “Afasta de mim a biqueira, pai /Afasta de mim as biate, pai / Afasta de mim a coqueine, pai / Pois na quebrada escorre sangue”.... Na parte central do show, o artista enfileira uma sequência de músicas românticas, que se inicia com ‘Essa pequena’, ‘Tipo um baião’, ‘Se eu soubesse’ e ‘Sem você 2’ , todas do novo álbum, e termina com as clássicas ‘Bastidores’, ‘Todo o sentimento’, ‘O meu amor’ e ‘Teresinha’....
A temporada, vai até 25 de março no HSBC Brasil.... com datas entre 30 de março e 8 de abril. É a primeira turnê do cantor desde 2007.... Vestido todo de preto e tendo reproduções de trabalhos de Portinari ao fundo, Chico falou pouco com a plateia, como costuma acontecer em seus shows. Mas o sorriso famoso estava lá.... apareceu em vários momentos, tanto em “Rubato”, quando deixou o banquinho e o violão e andou com o microfone na beira do palco, quanto no fim do primeiro dos dois bis, “Futuros Amantes”, cantada junto com o público.....
O momento rap do show veio com a já esperada homenagem ao rapper Criolo (que estava na plateia), autor da “versão anos 2000” de “Cálice”, que Chico homenageia.....
Entre “quebradas”, “biqueira” e “cocaine” (termos usados por Criolo em sua versão do clássico), Chico encontra espaço para ao mesmo tempo resgatar uma canção politicamente datada, mas conhecida por praticamente todo mundo, e se posicionar lado a lado à nova geração da música brasileira, grande parte dela baseada em São Paulo.
Tudo muito caprichado, desde os cenários e a iluminação até o septeto formado por feras, entre elas Jorge Helder (baixo), Chico Batera (percussão) e o próprio Wilson.
Era só olhar para a cara das pessoas, especialmente das mulheres, para voltar àquela mesma reação: essas questões não importam. Afinal, é o nosso Chico!!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário