quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sucesso total no prêmio de Francisco José Viegas em Portugal..."Nasci brasileiro mas o meu sangue é português"




No dia em que conquistou o premio literário Casino da Póvoa/ Correntes d"Escrita pela sua obra "Bufo e Spallanzani"e a medalha de mérito cultural, que recebeu das mãos de um dos seus mais fervorosos admiradores e um dos responsáveis pela divulgação da sua obra em Portugal, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, o escritor brasileiro conquistou também o público deste Correntes d"Escritas que decorre pelo décimo terceiro ano na Póvoa de Varzim.
A entrega da medalha aconteceu no auditório municipal da Póvoa, onde uma sala lotada aguardava para ouvir Rubem Fonseca.
Foi com um grande sorriso emocionado que o escritor declarou: "Estou muito, muito feliz de estar aqui em Portugal. Eu que sou filho e neto de portugueses, nasci no Brasil mas o meu sangue é português. Agradeço, por isso, ter recebido esta medalha mais do que merecida."...
A frase provocatória arrancou gargalhadas e aplausos de uma plateia já rendida....
Rubem Fonseca, 86 anos, escritor brasileiro também conhecido pela sua aversão a dar entrevistas, aparecer na mídia ou participar em eventos literários, mostrou ontem que afinal sabe, como poucos, estar sob as luzes da ribalta sendo, ao mesmo tempo humilde, irreverente e arrebatador....
O tema sobre o qual lhe pediram para falar era "A escrita é um risco total", frase que pertence a Eduardo Lourenço que, tal como Hélia Correia, Ana Paula Tavares e Almeida Faria dividia com Fonseca a primeira mesa-redonda deste festival literário. E o escritor brasileiro assumiu todos os riscos: levantou-se da mesa e, de microfone na mão, foi andando pelo palco para explicar porque é que a escrita "é uma forma socialmente vista como loucura" e porque é que todos escritores "incluindo Eduardo Lourenço não passam de loucos alfabetizados".
A erudição e as piadas contagiantes do autor de "A Grande Arte" ou "O seminarista" contrastam com a violência e a dureza das suas obras e com "a timidez" da qual o escritor disse sofrer. Contrastaram ainda mais com a voz suave e a delicadeza com que no fim da sessão declamou um poema de Luís de Camões: "busque amor novas artes, novo engenho..."

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