terça-feira, 29 de junho de 2010



Baby de Camargue

Santa Sara

Nossa protetora!!!


A Camargue é como seu próprio país, tudo supermegapequeno. A poucos minutos a sul de Arles, a atmosfera da região, é unica, com suas estradas, cruzando-se os pântanos e terras. Camargue (Camarga em norma clássica ou em norma mistraliano Camargo), localizado ao sul de Arles, França, entre o Mar Mediterrâneo e os dois braços do rio Rhône delta. O braço oriental é chamado de Grand Rhône, o ocidental é o Petit Rhône. A chamada Bouches-du-Rhône ("boca dos" Rhône), mas onde quero chegar - e estou por aqui - é no maior município da França metropolitana: Saintes-Maries-de-la- Mer.
Cerca de um terço da Camargue é ou lagos ou pântanos. A área central de todo o litoral do de Étang Vaccarès foi protegida como um parque regional desde 1927, em reconhecimento da sua importância como um refúgio para as aves selvagens. Em 2008, foi incorporada ao maior Parc Naturel Régional de Camarguelar de mais de 400 espécies de aves. É também famosa pela Bull Camargue e o Cavalo Camargue .
Eu adoro ouvir historias, pois afinal sou uma contadora de historia a beira de fogueiras pelo mundo todo. Na hora que beijei seu manto, senti sua mão em minha cabeça! Acreditm se quiser!!!
E, segundo alguns historiadores, por volta dos anos 50 d.c, uma embarcação cruzou os mares a partir de terras Palestinas levando a bordo para fugir das perseguições de Roma aos primeiros cristãos, um grupo de personagens bíblicos: Maria Jacobina ou Jacobé, irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro, Maximiliano e Sara, uma negra serva das mulheres santas. Aportaram em uma pequena ilha situada em águas do Mediterrâneo. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a minha querida Saintes-Maries-de-La-Mer. 
Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias. Sara teria sido uma das primeiras convertidas ao cristianismo e morrido a serviço de suas companheiras de viagem. Outra versão, é que Sara era uma escrava egípcia de uma das três Marias, Madalena, Jacobé ou Salomé; e junto com José de Arimatéia, Trófimo e Lázaro foi colocada, pelos judeus, em uma barca sem remos e alimentos. Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Deste gesto de Sara Kali, nasceu a tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário.
Quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: Dalto chucar diklô (Te darei um bonito lenço). Eu ofereci foi é vela para o amigos queridos!!!
Por milagre, eles chegaram a salvo a uma praia próxima a Saintes Maries de La Mer. O barco, resgatado por moradores de uma vila próxima aos arredores da costa marítima. Todos acolhidos, exceto Sara, por ser escrava (egípcia) e negra. Um grupo de ciganos tomou a frente, e passou a cuidar de Sara, que, com sua morte, posteriormente, os mesmos passaram a recorrer com pedidos à mesma, por ter sido uma pessoa querida em vida, e esta, os atendeu em espírito, realizando milagres.
A partir disso, Sara se tornou Mãe e Rainha dos Ciganos, honrando-os e protegendo-os. O surgimento de sua capela - foi criada após a sua morte. Quando veio à falecer, os Ciganos foram até a igreja da vila pedindo que seu funeral se realizasse na mesma. Devido ao preconceito, os católicos da época recusaram. A partir de então, foi feito uma espécie de gruta/igreja para Sara, visitada até os dias de hoje. Quando em 1935 a Igreja tirou Sarah de sua Cripta, muitos ciganos se aplicaram à prova do punhal (punhal avermelhado no fogo sobre a veia do pulso). Diz-se que o Sol queimou o olhar de Sarah.
O número de ciganos aumentou, a Cripta não deu para todos. Fizeram um acordo entre um gadjo chamado "Marquês de Baroncelli" e um cigano chamado "Cocou Baptista", chefe cigano muito influente. Até um certo tempo o acordo foi cumprido. Os ciganos de origem Calon, com o passar dos anos, alteraram algumas palavras da língua regional do povo cigano. Entre elas, a palavra Kalin, que em Calon representa a palavra "cigana". Para os ciganos que ainda preservam a língua regional, Kali representa negra. Para os Calons, é Santa Sara Kalín (a cigana) e não Santa Sara - a negra. A história de Sarah chegou à Índia, onde os ciganos a associaram à deusa Kali, negra, poderosa, transformadora. 
Para preservar a história original de Santa Sara Kali, é necessário lembrar que a igreja católica santificou-a como SANTA e, que é dessa forma que o povo cigano a cultua (e não em rituais). Atualmente, as relíquias da Santas: Sara, Maria Jacobé e Maria Salomé, encontram-se na capela alta da Igreja de SAINTES-MARIES-DE-LA-MER; uma construção erguida desde o século IX, no antigo local do oratório dos discípulos. Onde vou sempre que me encontro por aqui. Tenho uma fé enorme nela e sempre consigo o que peço.
No local são cumpridas promessas, feitas à Santa Sara Kali. Milhares de velas acesas são oferecidas à Santa. O calor é intenso, não sendo possível às pessoas permanecerem muito tempo no local.  Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Para a mulher cigana, o milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem suas vidas sem filhos. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo. A pior praga para uma cigana é desejar que ela não tenha filhos e a maior ofensa é chamá-la de DY CHUCÔ (ventre seco). Ir à cripta da Santa, fazer uma noite de vigília e depositar em seus pés como oferenda um diklô (lenço), o mais bonito que encontrar. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça. As mulheres ciganas também confeccionam saias, com as quais vestem a imagem da Santa. 
A proteção de Sarah confere às pessoas emanações benéficas que representam simbolicamente o ventre da sua mãe, seu sorriso, a irmã e a rainha: a "phuri dai" secreta dos Roms. Pessoa de bom coração consegue ver o sorriso na estátua de Santa Sara. Para os ciganos a estátua de Sara está carregada. Nela se condensam as energias sutis de muitas gerações de ciganos feiticeiros. Ela sempre atende a todos, principalmente às pessoas que têm a intuição mais desenvolvida e usam os oráculos como forma de divinação. 
É costume festejar as slavas (promessas ou comemorações em homenagem a algum santo). A Slava de Sara Kali é nos dias 24 e 25 de maio. Na Slava, oferecem banquete, e junto a Ele, um manrô (pão) redondo, que é furado no meio e onde coloca-se um punhado de sal junto com a vela. Esse pão é posto em uma bandeja cheia de arroz cru, para chamar saúde e prosperidade e, ao término do almoço. É dividido entre os convidados pelos donos da casa, com as palavras de bençãos.
Em LES-SAINTES-MARIES-DE-LA-MER, pacata vila de três mil habitantes, a serenidade da localidade é abalada com a chegada dos cerca de dez mil ciganos, que conseguem trazem a cor, o odor e o som característicos. A religiosidade faz parte da vida dos ciganos, os grupos que foram para a Europa se declararam católicos e se ligaram a Santa Sara que tinha origens misteriosas e a pele morena, como eles.
Durante a Santa Inquisição, os ciganos eram considerados bruxos e eram marginalizados pela igreja. Para que Santa Sara Kali fosse santificada pela igreja católica, foi preciso trocar sua origem cigana, para de escrava egípcia. Não se conhece a razão exata que levou os ciganos a eleger Santa Sara como sua padroeira. Para os ciganos, a peregrinação festiva até Camargue, para a adoração da santa, é uma tradição sagrada e secular. Milhares de ciganos de quase todas as regiões da Europa, África, Oriente e dos quatro cantos do mundo, reúnem-se na pequena igreja de Saint-Michel em louvor e homenagem a Sara.
Uma semana antes da festa, numerosas clãs e grupos ciganos, vindos de todas as partes do mundo, chegam à região para a procissão. A figura da santa negra é transportada no andor pelas ruas da vila e a viagem termina nas águas do Mediterrâneo. Durante uma semana os ciganos mostram o que a sua cultura tem de mais belo e tradicional, com os ciganos a encher as pequenas ruas de Saintes-Maries-de-la-Mer com a música e as danças tradicionais. Os terrenos em redor da vila são totalmente ocupados pelos acampamentos ciganos. As carroças de tração animal do passado deram hoje lugar às cômodas "roulottes" (ou traillers), com televisão e parabólica puxadas pelos últimos modelos das mais conceituadas marcas automóveis. 
Agora se preparam para a corrida de seus touros negros e os famosos cavalos brancos. Começa em Julho. Se puder não deixe de vir!!!
Salve nossa protetora, afinal sou de origem cigana também!!!

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