quarta-feira, 22 de maio de 2013

Denise Saraceni - primeira – e única – mulher diretora de núcleo da maior emissora de TV do país






Sou fã dela: Denise Saraceni 59 anos, primeira – e única – mulher diretora de núcleo da maior emissora de TV do país. Em entrevista a Sonia Racy, abre o peito e diz o que pensa. Aconselha os jovens: “Não dá para crescer sem meter a cara”. Trabalha de 12 a 14 horas por dia. Além das filmagens de Saramandaia, remake da famosa trama de Dias Gomes, vem aí com um seriado e uma novela das sete, também na Globo. 
Diz que não é workaholic: “Já fui muito mais, mas quando os projetos são muito interessantes fica difícil não fazê-los”. Seu escritório no Projac, repleto de patuás: de imagem de Nossa Senhora e São Jorge, a lembranças do candomblé e objetos da Grécia, figa e um olho grego e Índia. “Arrumo umas coisas protetoras sim, tudo que dá sorte, figa, sal grosso. Uso tudo”, conta.
Meu negócio é o set.”
Sobrinha de Paulo Cezar Saraceni, pensou em ser médica, massss: “Eu era apaixonada por novela. Já tinha atores por quem eu era alucinada”, relata. “Quando eu vi Mulheres de Areia, fiquei louca. Como é que pode aquilo pegar na gente daquele jeito?”, indaga.
Por mais que eu faça do meu trabalho um grande encontro. No começo é muito estressante porque você não sabe nada. Hoje, sou bem mais relaxada. Mas alcancei, ao mesmo tempo, um nível de amadurecimento e um nível de impaciência. Tem coisas que se repetem eternamente – o atraso de um ator, de uma figuração, uma conversa no meio do set. É preciso experimentar mais a internet como linguagem, aproximar os dois veículos para criar um público. Muita gente jovem começou comigo. Muitos com quem trabalhei se tornaram excelentes atores. Escolher o elenco é uma das partes mais difíceis numa produção. O personagem acha os seus atores. Só na véspera de gravar você acha o ator para aquele papel. Nunca me arrependi de escalação nenhuma. Mas é a parte mais difícil de um trabalho. Saramandaia foi passada na ditadura militar, fazia referências históricas. Eram quase sketches, metáforas, uma linguagem nova. Optamos por fazer uma novela para o público de hoje. O Ricardinho (Linhares, que adaptou o texto) criou um fio condutor para sustentar a trama, onde esses personagens do realismo fantástico cruzam e são codependentes dessa história. Os elementos centrais foram mantidos, mas também foram criados personagens novos.
Toda vez que eu sinto que há um preconceito, por ignorância ou safadeza, essa pessoa é imediatamente tirada do meu ambiente profissional. Há muito preconceito com os jovens. Eu sofri mais preconceito por ser uma diretora jovem, que veio do Cinema Novo, que tinha o nome Saraceni, do que propriamente por ser mulher. Não busquei ser diretora de núcleo. O meu desejo era de ser uma diretora artística respeitável.
Sou uma pessoa profundamente espiritualizada. Preciso de muita força e apoio, de todos os santos, de todas as religiões e acredito nisso. Rezo muito, mergulho no mar, rezo para Iemanjá, entro na igreja e fico lá falando com Santo Antônio. E arrumo umas coisas protetoras sim, tudo que dá sorte, figa, sal grosso. Uso tudo.” 
MIRELLA D’ ELIA. Foto: Vera Donato/Estadão).

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