quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ST. MORITZ ART MASTERS 2012 ACONTECE NA SUÍÇA





Vai até o dia 2 de setembro. Grandes homenagens ao arquiteto Oscar Niemeyer e ao Brasil. Participação de oito artistas brasileiros: Adriana Varejão, Vik Muniz, Carlito Carvalhosa, Thiago Rocha Pitta e mais 70 artistas de 15 países que participam do evento. Paulo Coelho é o patrono da mostra. Paulo Sergio Niemeyer lançará no festival a chaise ‘Rio’, uma homenagem ao Rio de Janeiro inspirada nas formas do Pão de Açúcar. 
O evento St. Moritz Art Masters chega a sua 5° edição, e transforma o local em galeria de arte à céu aberto, desde o dia 24 de agosto. A St. Moritz Art Masters teve o Brasil como tema central, e um dos expoentes é Vik Muniz. Um dos artistas brasileiros mais conhecidos no exterior. Suas obras podem ser encontradas em importantes acervos. Em 2012, o evento e tem o Brasil como tema central,  apresentam no vilarejo alpino obras e instalações em espaços diversos como igrejas, galerias, praças públicas ou garagens subterrâneas.  
A entrada é gratuita para os visitantes e turistas na região. O paulistano com residência no Rio de Janeiro e Nova Iorque fala sobre a importância da arte brasileira e sobre trabalhos mais recentes. “Acho difícil falar que existe uma arte brasileira. É como dizer que a banana vem de Honduras. Com a globalização, o que aconteceu nos anos 1990 é que se criou um mercado internacional e virou instituição nas escolas de artes. Houve um aumento do número de feiras e bienais. Isso forçou um consenso do que seria uma arte internacional. Você pode ver que a produção brasileira hoje em dia está extremamente voltada para um mercado global. O Brasil é um dos países que, mesmo tendo um governo que não dá a mesma atenção para as artes plásticas como os países europeus e onde não existem programas para as artes plásticas, tem muitos artistas importantes no exterior. E não necessariamente eles estão fazendo arte que reflete uma identidade brasileira.”.... “Eu sou um artista internacional. A maneira como aprendi a ver o mundo, é influenciada pela minha criação no Brasil. Hoje tenho cinquenta anos e na época da ditadura ainda era um adolescente. Isso permeou muito a minha percepção das coisas. Na ditadura era um momento em que a gente não podia dizer o que queria e não podia confiar naquilo que era dito. Isso cria um conceito de elasticidade metafórica muito grande: você entende que para dizer as coisas tem dizê-la de diversas maneiras. Veja as canções do Chico Buarque! A música provou muito isso. Você começa a ficar cínico em relação à informação oficial. O meu cinismo em relação à informação, a maneira como questiono todas essas coisas, junto com essa abertura que tenho para tudo, são características fundamentais da minha produção e que vem diretamente da minha criação no Brasil. Mas não tento ilustrar nenhuma brasilidade no meu trabalho, apesar de trabalhar com imagens essencialmente brasileiras...
No documentário "Lixo Extraordinário", trabalho artístico com catadores de lixo em Duque de Caxias..... “Aquilo podia ter acontecido no Brasil como na Índia, México, Rússia ou qualquer lugar onde esse tipo de ambiente é possível. O fato de ter ocorrido no Brasil me permitiu transcender um pouco alguns aspectos muito superficiais, de olhar o lixão como lixão, e penetrar um pouco mais na parte mais sensível do assunto, que é falar da sensibilidade da arte. Aquilo é um problema mundial... “Eu queria uma relação menos de ilustração com o problema ou de denúncia. O lixão era um lugar onde as pessoas viviam do lixo, do material reciclado, e o que tentei ilustrar era a possibilidade de mostrar uma dinâmica sensual de riqueza humana através da arte, independente do contexto social e econômico. Qualquer pessoa, mesmo se nunca visitou um museu, se nunca pegou um lápis para desenhar coisa nenhuma, é suscetível ao efeito que a arte pode trazer. O filme é uma espécie de ode ao poder da arte na vida de qualquer um. Para mim isso foi muito importante.”...
Em St. Moritz, lugar mundano repleto de milionários e colecionadores de arte...... será que essas pessoas compartilham a sua visão intrínseca da arte ou estão apenas investindo ao comprar um dos seus trabalhos..... “Acho que se fosse só pelo lado do dinheiro ninguém compraria arte. É lógico que isso cria vantagens, mas justamente para quem acredita. Grandes colecionadores são grandes amantes, pessoas que se interessam e estudam o assunto, pois senão você não consegue ganhar dinheiro com isso. É difícil imaginar um colecionador que só vê na arte o investimento. Na Suíça, onde está concentrado um grande número de colecionadores importantes, um lugar notório de colecionismo e essa coisa independente da relação com a arte, as pessoas são muito cultas e aprofundadas. O Brasil está começando a se formar uma classe de colecionador com esse nível. É recente. Eles não compram por moda ou porque o galerista falou que é bom. Eles vão se interessar, estudar, tentar entender, contatar o artista e ler os livros. E daí eles vão querer ter uma obra em casa. No momento em que você acha que aquilo é bom, torna-se um investimento pessoal que se torna também um prazer. Mas é preciso acreditar. “... 
As pessoas falam que a arte é cara. É cara, pois a arte é para todo mundo. Os museus e as galerias mostram arte de graça. Mas para tê-la em casa custa dinheiro. Hoje em dia o valor de uma obra de arte está muito mais sujeito às manobras de marketing.”.....
Em meio à crise do euro muitos analistas consideram que o investimento na arte é uma forma de assegurar o patrimônio. Com os movimentos econômicos dos últimos seis anos, a arte mantém um aspecto muito alto em termos de investimento. Trata-se do maior mercado ainda sem nenhum tipo de regulação.

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