Vai até o dia 2 de setembro.
Grandes homenagens ao arquiteto Oscar Niemeyer e ao Brasil. Participação de
oito artistas brasileiros: Adriana Varejão, Vik Muniz, Carlito Carvalhosa,
Thiago Rocha Pitta e mais 70 artistas de 15 países que participam do evento. Paulo
Coelho é o patrono da mostra. Paulo Sergio Niemeyer lançará no festival a
chaise ‘Rio’, uma homenagem ao Rio de Janeiro inspirada nas formas do Pão de
Açúcar.
O evento St. Moritz Art Masters chega a
sua 5° edição, e transforma o local em galeria de arte à céu aberto, desde o
dia 24 de agosto. A St. Moritz Art Masters teve o Brasil como tema central, e
um dos expoentes é Vik Muniz. Um dos artistas brasileiros mais conhecidos no
exterior. Suas obras podem ser encontradas em importantes acervos. Em 2012, o
evento e tem o Brasil como tema central, apresentam no vilarejo alpino obras e
instalações em espaços diversos como igrejas, galerias, praças públicas ou
garagens subterrâneas.
A entrada é gratuita para os visitantes e turistas
na região.
O paulistano com residência no Rio de Janeiro e Nova Iorque fala
sobre a importância da arte brasileira e sobre trabalhos mais recentes. “Acho
difícil falar que existe uma arte brasileira. É como dizer que a banana vem de
Honduras. Com a globalização, o que aconteceu nos anos 1990 é que se criou um
mercado internacional e virou instituição nas escolas de artes. Houve um
aumento do número de feiras e bienais. Isso forçou um consenso do que seria uma
arte internacional. Você pode ver que a produção brasileira hoje em dia está
extremamente voltada para um mercado global. O Brasil é um dos países que,
mesmo tendo um governo que não dá a mesma atenção para as artes plásticas como
os países europeus e onde não existem programas para as artes plásticas, tem
muitos artistas importantes no exterior. E não necessariamente eles estão
fazendo arte que reflete uma identidade brasileira.”....
“Eu sou um artista
internacional. A maneira como aprendi a ver o mundo, é influenciada pela minha
criação no Brasil. Hoje tenho cinquenta anos e na época da ditadura ainda era
um adolescente. Isso permeou muito a minha percepção das coisas. Na ditadura
era um momento em que a gente não podia dizer o que queria e não podia confiar
naquilo que era dito. Isso cria um conceito de elasticidade metafórica muito
grande: você entende que para dizer as coisas tem dizê-la de diversas maneiras.
Veja as canções do Chico Buarque! A música provou muito isso. Você começa a
ficar cínico em relação à informação oficial. O meu cinismo em relação à
informação, a maneira como questiono todas essas coisas, junto com essa
abertura que tenho para tudo, são características fundamentais da minha
produção e que vem diretamente da minha criação no Brasil. Mas não tento
ilustrar nenhuma brasilidade no meu trabalho, apesar de trabalhar com imagens
essencialmente brasileiras...
No documentário "Lixo
Extraordinário", trabalho artístico com catadores de lixo em Duque de
Caxias..... “Aquilo podia ter acontecido no Brasil como na Índia, México,
Rússia ou qualquer lugar onde esse tipo de ambiente é possível. O fato de ter
ocorrido no Brasil me permitiu transcender um pouco alguns aspectos muito
superficiais, de olhar o lixão como lixão, e penetrar um pouco mais na parte
mais sensível do assunto, que é falar da sensibilidade da arte. Aquilo é um
problema mundial...
“Eu queria uma relação menos de ilustração com o problema
ou de denúncia. O lixão era um lugar onde as pessoas viviam do lixo, do
material reciclado, e o que tentei ilustrar era a possibilidade de mostrar uma
dinâmica sensual de riqueza humana através da arte, independente do contexto
social e econômico. Qualquer pessoa, mesmo se nunca visitou um museu, se nunca
pegou um lápis para desenhar coisa nenhuma, é suscetível ao efeito que a arte
pode trazer. O filme é uma espécie de ode ao poder da arte na vida de qualquer
um. Para mim isso foi muito importante.”...
“Acho que se fosse só pelo lado do
dinheiro ninguém compraria arte. É lógico que isso cria vantagens, mas
justamente para quem acredita. Grandes colecionadores são grandes amantes,
pessoas que se interessam e estudam o assunto, pois senão você não consegue
ganhar dinheiro com isso. É difícil imaginar um colecionador que só vê na arte
o investimento. Na Suíça, onde está concentrado um grande número de
colecionadores importantes, um lugar notório de colecionismo e essa coisa
independente da relação com a arte, as pessoas são muito cultas e aprofundadas.
O Brasil está começando a se formar uma classe de colecionador com esse nível.
É recente. Eles não compram por moda ou porque o galerista falou que é bom.
Eles vão se interessar, estudar, tentar entender, contatar o artista e ler os
livros. E daí eles vão querer ter uma obra em casa. No momento em que
você acha que aquilo é bom, torna-se um investimento pessoal que se torna
também um prazer. Mas é preciso acreditar. “... “As pessoas falam que a arte é
cara. É cara, pois a arte é para todo mundo. Os museus e as galerias mostram
arte de graça. Mas para tê-la em casa custa dinheiro. Hoje em dia o valor de
uma obra de arte está muito mais sujeito às manobras de marketing.”.....
Em meio à crise do euro muitos
analistas consideram que o investimento na arte é uma forma de assegurar o
patrimônio. Com os movimentos econômicos dos últimos seis anos, a arte mantém
um aspecto muito alto em termos de investimento. Trata-se do maior mercado
ainda sem nenhum tipo de regulação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário