Eu hoje comemoro na saudade, um tempo
que nunca mais esquecerei. E nem quero. Ao seu lado e de Zélia fiquei pequeno
período em sua casa na Bahia, junto com Clara Nunes, percorrendo terreiros para
reportagem para os Diários Associados onde escrevia em várias páginas. Ele e
Carybé abriram todas as portas a pedido de Luiz Monteiro, na época nosso chefe
de redação. Carybé, o pintor figurativo argentino de alma brasileira
(1911-1997), nome artístico de Hector Julio Paride Bernabó, que nasceu em
Lanús, radicou-se no Brasil, mas em 1938, foi para Salvador, fixando-se
definitivamente na Bahia a partir de 1950. Recebeu o apelido de Carybé (nome de
um peixe de água doce pelo qual é internacionalmente conhecido) na época em que
era escoteiro, porque esse era o nome de sua barraca de acampamento.
Juntos fomos aos terreiros e na minha
entrada dobravam o toque para ele - - devido ao título de Obá, posto civil
que exercia no Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia - - e me homenageavam na sua saudação
que me acompanha até os dias de hoje ”Epa-he Oya”!
Zélia, uma querida, leitora entusiasta de Jorge
Amado, Zélia Gattai o conheceu em 1945, quando trabalharam juntos no movimento
pela anistia dos presos políticos.
Hoje no dia do centenário dele e suas
histórias (nascido em Itabuna no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas,
município de Itabuna, sul do Estado da Bahia.e nos
deixou no dia 6 de agosto de 2001; foi cremado conforme seu desejo, e suas cinzas foram
enterradas no jardim de sua residência na Rua Alagoinhas, no dia em que
completaria 89 anos), me comovo muito com as falas de uma
país quase sem memória.... Jorge Amado,
a melhor expressão literária da sociedade brasileira. "Não tenho nenhuma
ilusão sobre a importância de minha obra", afirmou Jorge Amado. "Mas,
se nela existe alguma virtude, é essa fidelidade ao povo brasileiro."
No centenário de nascimento do escritor
baiano, o reconhecimento sobre a importância de sua obra continua crescendo no
Brasil e exterior. Um dos escritores brasileiros mais conhecidos
internacionalmente, com obras publicadas em 49 línguas e 55 países. Nos últimos
três anos, pelo menos 45 contratos foram fechados com editoras estrangeiras
para a publicação de seus livros, conta Thyago Nogueira, editor responsável por
sua obra na Companhia das Letras. Países como Romênia, Alemanha, Espanha,
Bulgária, Sérvia, China, Estados Unidos e Rússia são alguns dos que firmaram
contratos recentes para lançar seus livros.
A coleção Penguin Classics está
lançando dois de seus livros em inglês, “A morte e a morte de Quincas Berro
d'água” e “A descoberta da América pelos turcos”. Amado é o segundo autor
brasileiro publicado pelo selo, o primeiro foi Euclides da Cunha. No centenário,
uma série de seminários e eventos comemorativos em cidades como Salvador,
Ilhéus, Londres, Madri, Lisboa, Salamanca e Paris.
A fazenda de cacau em que nasceu ou os
terreiros de candomblé, a mistura de crenças religiosas, a pobreza nas ruas de
Salvador, a miscigenação, o racismo velado da sociedade brasileira são alguns
dos elementos que compõem sua obra. Ele foi o narrador do Brasil, passou o país
a limpo. O baiano se destacou com a herança africana e a mistura que compõe a
sociedade brasileira. Crítico dos problemas sociais do país de peito aberto.
Seus heróis, seja o negro ou a prostituta, o faxineiro ou os meninos de rua, muitas mulheres protagonistas, mas sempre o homem do povo no
centro do livro.
Sua militância no comunismo, mostrada
nos livros do início de sua carreira, nos livros em que os ricos são maus e os
pobres bons. Deputado em 1945 com o slogan "o romancista do povo",
mesmo assim, dois anos depois, foi parar no exílio na França. A Guerra Fria, e o Partido
Comunista Brasileiro banido e seu mandato, cassado. Foram cinco anos de exílio,
passados com a esposa Zélia Gattai na França e na antiga Tcheco-eslováquia.
Valeu para conhecer Pablo Picasso, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, e
muitos mais. Nos anos 1950, Amado rompeu com o partido. Iniciou-se uma nova
fase em sua literatura, bem-humorada, menos ideológica. Se definia como um
"contador de causos" para alcançar a massa.
E a rejeição da crítica acadêmica
durante muitos anos, não o afetou em
nada. E sua obra foi
adaptada para filmes, novelas, peças e séries de TV. Escritor popular em um
país onde não se lê muito. Apesar de ter grandes escritores.
Seu mundo tem um colorido, vida, sonhos,
verdades. E eu me considero abençoada
por tê-lo bem por perto durante um tempo que marcou minha vida no inicio da
carreira jornalística.
A Fundação Casa de Jorge Amado é uma
organização não-governamental e sem fins lucrativos cujo objetivo é preservar,
pesquisar e divulgar os acervos bibliográficos e artísticos de Jorge Amado,
além de incentivar e apoiar estudos e pesquisas sobre a vida do escritor e
sobre a arte e literatura baianas. A Casa de Jorge Amado tem um fórum
permanente de debates sobre cultura baiana – especialmente sobre a luta pela
superação das discriminações raciais e sócio-econômicas. Para manter viva a
memória do escritor – que já teve seus livros publicados em 60 países – desde
que foi inaugurada, a Casa de Jorge Amado conta com uma exposição permanente de
documentos, fotografias, livros, suas apropriações populares, adaptações e
objetos relacionados. Também estão expostos prêmios recebidos por Jorge e fotos
tomadas por Zélia Gattai, documentando o dia-a-dia do autor. Atualmente, a Fundação
Casa de Jorge Amado já é considerada um ponto de referência na geografia
cultural de Salvador. Reúne acervo da vida e obra de Jorge Amado no Pelourinho.
A visita à entidade faz parte da rota turística mais famosa de Salvador.
Programação especial celebra o centenário do escritor baiano na casa de fachada azul, no Largo do Pelourinho, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Cerca de 60 mil visitantes vão à Fundação Casa de Jorge Amado anualmente.
Salve Jorge!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário