quarta-feira, 13 de outubro de 2010

NOSSA HOMENAGEM AOS RESGATADOS DA MINA SAN JOSÉ

Que emoção o resgate dos mineiros da mina San José, no norte do Chile. O mundo não desgruda os olhos das telas de Tv. Cada saída, é um aperto no coração: está vivo, mais um!!!

Me pegou no emoional já que por várias vezes como reporter, fiz algmas coberturas no genero, e sei o que o jornalista sente em um momento como este. O resgate foi marcado pela comoção que gerou em todo o mundo -- a imprensa de todo o planeta esta lá na mina, além de empresas, como a Nasa, que enviaram técnicos para ajudar nos trabalhos. Por mais de dois meses, os homens viveram a 700 metros sob a superfície da Terra. Os primeiros chegaram à superfície após uma tensa viagem de 20 minutos dentro de uma minúscula cápsula, e se depararam com a emoção das famílias e os olhos da mídia.


O primeiro operário a sair da mina foi Florencio Ávalos, 31. Centenas de pessoas se aglomeraram em volta do telão no acampamento "Esperanza" para comemorar a saída do mineiro. Gritos de guerra e euforia celebraram o sucesso dos resgates..... O segundo foi Mario Sepulveda, 40. Trouxe consigo uma sacola cheia de pedras da mina onde esteve preso, e distribuiu as pedras da mina San José como presentes e lembranças para funcionários envolvidos no resgate. O mineiro abraçou o presidente Sebastián Piñera que faz sua média nos resgates..... O terceiro resgatado foi Juan Illanes, 52....  O boliviano Carlos Mamani, 23, foi o quarto a chegar na superfície, por volta das 3h da madrugada.... O quinto foi Jimmy Sánchez, 19, debilitado como os outros,saiu da mina por volta das 4h10.....

Os parentes dos 33 mineiros soterrados comemoram quando a perfuradora deixa o local das operações de resgate após concluir o revestimento do túnel.... José Ojeda, 46, trabalha como perfurador. O sexto mineiro trazido à superfície foi Osmán Araya, 30. Saiu por volta das 5h35..... O sétimo foi salvo por volta das 6h20..... O oitavo foi Claudio Yáñez, 34, operador de broca. Resgatado por volta das 7h. .... Mario Gómez, 63, foi o nono a ser retirado. O mais velho do grupo. Começou a trabalhar na mina com 12 anos. Ao sair, caiu de joelhos e rezou, segurando a bandeira chilena. O mundo ajoelhou e chorou com ele. Gómez também foi abraçado por sua mulher, Lilianete Ramirez. Gomez tem uma doença pulmonar comum aos mineiros; recebeu antibióticos e medicamentos para inflamação brônquica.... Alex Vega, 32, mecânico de máquinas pesadas, recepcionado pela mulher, como os demais, estava soterrado a 700 metros de profundidade, junto com outros 32 trabalhadores, há 69 dias. Assim que deixou o túnel, ele fez o sinal da cruz, cumprimentou as pessoas que estão no acampamento e abraçou longamente a mulher..... O mineiro chileno Edison Peña foi o 12º resgatado da mina San José. A operação vai prosseguir ao longo do dia para retirar os 21 mineiros restantes.... Carlos Barrios, 27, foi o 13º mineiro a ser resgatado. Solteiro, ele possui um táxi que usa nos tempos livres.... O décimo quarto mineiro a ser resgatado foi Víctor Zamora, 33. O mecânico é casado com Jéssica Cortez, que descobriu que estava grávida durante o tempo em que ele ficou preso na mina. Antes do acidente, ele dedicava-se à agricultura e ao futebol.

Muito se especulou sobre a ordem de saída dos trabalhadores, confirmada apenas há poucas horas do início do resgate pelo presidente do Chile, que estava presente na mina no momento da saída do primeiro soterrado. A rapidez dos trabalhos também chamou a atenção. Inicialmente, o governo chileno havia previsto a conclusão dos trabalhos para o Natal, no final de dezembro. Mas os trabalhos para perfurar o solo e abrir caminho para a cápsula Fênix se adiantaram. Nos dois dias que a reportagem do UOL Notícias acompanhou o resgate dos mineiros, chamou a atenção a organização da estrutura em torno da mina San José. O acampamento, que, em agosto, era apenas um amontoado de barracas, tornou-se uma minicidade, em que é possível encontrar desde pronto socorro a internet WiFi e banheiros com ducha.

Todos os que esperamos no resgate.

Os mineiros estão sendo levados para o hospital de Copiapó, onde devem permanecer por 48 horas sob cuidados médicos. Eles, vivos: 1. Florencio Ávalos, 31 anos, capataz; 2. Mario Sepúlveda, 39, eletricista; 3. Juan Illanes, 52 anos, operário da mina; 4. Carlos Mamani, 23, boliviano, operador de máquinas; 5. Jimmy Sánchez, 19, operário da mina; 6. Osmán Araya, 30, operário da mina; 7. José Ojeda, 46, perfurador; 8. Claudio Yáñez, 34, operador de broca; 9. Mario Gómez, 63, operário da mina; 10. Álex Vega, 31, mecânico; 11. Jorge Galleguillos, 56, operário da mina; 12. Edison Peña, 34, operário da mina; 13. Carlos Barrios, 27, operário da mina; 14. Víctor Zamora, 33, mecânico; 15. Víctor Segóvia, 48, eletricista; 16. Daniel Herrera, 37, motorista; 17. Omar Reygadas, 56, eletricista; 18. Esteban Rojas, 44, encarregado de manutenção; 19. Pablo Rojas, 45, operário da mina; 20. Darío Segóvia, 48, operador de broca; 21. Yonni Barrios, 50, eletricista, enfermeiro; 22. Samuel Ávalos, 43, operário da mina; 23. Carlos Bugueño, 27, operário da mina; 24. José Henríquez, 54, perfurador; 25. Renan Ávalos, 29, operário da mina; 26. Claudio Acuña, 44, operário da mina; 27. Franklin Lobos, 53, motorista, ex-jogador de futebol.; 28. Richard Villarroel, 23, mecânico; 29. Juan Aguilar, 46, supervisor; 30. Raúl Bustos, 40, engenheiro hidráulico; 31. Pedro Cortez, 24, operário da mina; 32. Ariel Ticona, 29, operário da mina; 33. Luis Urzúa, 54, topógrafo, chefe de turno.

Os mineiros tentaram criar uma associação, de modo semelhante à fundada pelos sobreviventes dos Andes, para permanecer unidos e administrar suas aparições em público. Alguns canais lhes ofereceram mais de 4 mil euros para ter em exclusividade suas primeiras declarações, quando alguns deles ganhavam apenas 500 euros por mês. Diante dessa situação, os mineiros discutiram e chegaram a um acordo: que cada um fale o que quiser de si mesmo, mas não dos outros.
O caso dos sobreviventes uruguaios foi diferente. "Para nós nunca nos ofereceram dinheiro por uma entrevista. Mas hoje o mundo mudou e é muito materialista; mas para mim parece perfeito que façam o que desejarem fazer com suas vidas." Zerbino também não temeu que seus amigos pudessem contar sobre ele. "Nos conhecíamos desde pequenos, para nós dava tudo na mesma. E tenho certeza de que nenhum deles vai se arrepender de nada do que tenha feito ali embaixo.".. Zerbino e seus amigos percorreram meio mundo dando conferências. Saíram daquela experiência mais fortes e melhor preparados para superar qualquer problema. Mas tinham formação acadêmica e entorno cultural com o qual nunca contou a grande parte dos mineiros. Apesar desse detalhe, Zerbino mostra-se otimista sobre a vida que espera os 33: "Todos os seres humanos têm uma grande capacidade de adaptação. Tenho certeza de que eles vão saber transformar esse problema em uma oportunidade, assim como nós fizemos."

Entrevistas, presentes, ofertas, pedidos de autógrafos, viagens, apresentações diante dos políticos mais poderosos do país e parte do estrangeiro, tudo isso viveram há 38 anos os sobreviventes do avião Fairchild F-227 da Força Aérea Uruguaia que caiu na cordilheira dos Andes em um dia como hoje: uma quarta-feira, 13 de outubro. Dos 40 passageiros e cinco tripulantes, ao fim de 72 dias incomunicáveis nas montanhas, só sobreviveram 16. Para isso tiveram de se alimentar com a carne de seus próprios amigos. Nesta semana, vários deles voltaram a cruzar a grande cordilheira para disputar, como todo ano, a partida que não puderam jogar então. Gustavo Zerbino, que na época estudava medicina e hoje dá conferências sobre motivação pessoal, diz vestir a camisa número 33 em homenagem aos mineiros.

Em conversa telefônica de Santiago do Chile, mostrava-se convencido de que nas primeiras horas os mineiros sentirão "uma grande felicidade e euforia". Mas advertiu: "Estes rapazes vão ser diferentes dos que ficaram presos. Quando entraram na mina eram pessoas humildes e hoje todo mundo está dependente deles. Não vão entender nada". Zerbino acredita que também não será fácil para eles escapar da possível pressão da mídia. "Nós fomos muito assediados pela imprensa. Mas tínhamos espaço, andávamos de moto e capacetes. Nossas famílias nos protegeram enviando-nos para lugares diferentes de onde morávamos. Além disso, éramos muito jovens, muito fortes e o mundo nos havia abandonado. Por isso, para nós o mundo não importava muito. Mas eles se salvarão graças ao mundo."Primeiro vem a euforia - o grande alívio, a emoção de reencontrar a família, a comemoração de um resgate bem-sucedido. Depois da festa, porém, os 33 mineiros resgatados na mina de San José, no norte do Chile, terão de enfrentar o retorno à vida diária, que terá inevitavelmente mudado para sempre.


Psicólogos dizem que internalizar a experiência será um desafio. Alguns podem sofrer estresse pós-traumático na tentativa de se reajustar à vida comum. Para o professor de psicologia da University College London, James Thompson, "o puro alívio e a alegria de sair deve tomá-los pelas próximas semanas". Depois disso, podem chegar a depressão e outros sintomas. "Pode ser que as lembranças do evento ainda causem insônia, pode ser que o sono seja problemático, pode ser que eles se peguem pensando no acontecimento muito, muito frequentamente", afirma Thompson. "Algumas coisas vão desencadear as lembranças do evento - sensações, cheiros, o cheiro da terra ou o ruído da broca. Eles ficarão surpresos ao descobrir que, mesmo tendo saído de dentro da mina, ainda se sentem fisicamente nela." Para o psicólogo, "se eles tiverem tido uma forte impressão de que morreriam, haverá uma enorme quantidade de tensão emocional".

Devido as milhares de reportagens que tivemos a experiência de fazer e escrever em vários pontos do mundo com situações similares, posso garantir que cerca de um terço das pessoas que passam por traumas graves, manifestam efeitos psicológicos. Entre os profissionais que trabalham situações de emergência, a proporção cai para 5%. Como os mineiros já são acostumados a situações difíceis, a proporção dos que devem passar por dificuldades no futuro deve ficar entre essas duas.

Mas estamos alerta, porque existem duas faces na mesma situaçao. Se os resgatados têm se mostrado alegres e joviais em frente às câmeras, a intensidade da experiência transparece nas cartas que eles escreveram para as suas famílias. "Este inferno está me matando", escreveu o eletricista de 48 anos Victor Segovia. "Tento ser forte mas, quando durmo, de repente sonho que estou em um forno, e quando acordo me encontro nesta escuridão eterna."
"Muitas pessoas superam as adversidades que vivenciam quando compartilham essa experiência", diz o psiquiatra, Christopher Findlay. O especialista em trauma crê que o tempo passado no subterrâneo pode ter sido útil para processar parte da experiência. "Alguns deles podem ter passado por um período de choque inicial, o que significaria uma reação retardada. Mas eles podem já ter começado a se recuperar", acredita Findlay. O especialista afirma que a recuperação dependerá da existência ou não de problemas mentais anteriores, talvez experiências traumáticas da infância ou incidentes de trabalho anteriores que pudessem retornar por causa do estresse. "É quando se chega a um porto seguro que as memórias são ativadas", disse o psiquiatra. "Se eles já tiverem dificuldades na sua rede de apoio, as suas relações com outros podem estar ameaçados. Há muitas questões neste processo de integração."

As famílias tendem a idealizar o que vem por aí. E é preciso aprender a conviver com o que vai acontecer. É importante prestar apoio aos trabalhadores, mas igualmente não sobrecarregá-los. Eles precisam ser respeitados. Se eles não quiserem ser entrevistados, deveríamos deixá-los em paz com as suas famílias e as suas vidas. O australiano Brant Webb, resgatado dramaticamente após duas semanas de uma mina que havia desmoronado em 2006, contou à BBC que teve dificuldades de voltar à vida normal após o incidente. "Até hoje não consigo ver um pássaro numa gaiola. Se vir, quero libertá-lo. Os efeitos posteriores de ficar soterrado são o pior momento. Você volta ao incidente o tempo todo", afirmou. "Esses homens que ficaram soterrados nunca mais serão os mesmos."

Os méritos do seu status de celebridade já aparecem: o fato de que eles estão recebendo óculos Oakley especiais para evitar os danos causados pelo contato com a luz abre uma gama de negócios possíveis a partir desse aval. Os trabalhadores que recebiam cerca de US$ 1 mil de salário mensal se vêem diante de ofertas tentadoras da mídia e do mercado editorial, sem contar as ofertas de trabalho em si. Ao sair, o segundo dos mineiros, Mário Sepúlveda, tocou no cerne dessa questão: "Não quero que me tratem como artista ou como animador, mas como o Mário Sepúlveda mineiro. Nasci para morrer no batente", afirmou.

Gustavo Zerbino.

A parte mais importante da readaptação será informal, dialogando com os colegas e a família. A maioria das pessoas deve se recuperar de forma natural. E a baboseira política, com certeza depois de dois dias esquece o grave acontecimento, enquanto mineiros de todo o mundo vão estar a mais metros de profundidade para sobreviver as dificuldades financeiras para salvar suas famílias.


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