terça-feira, 5 de outubro de 2010

HOMENAGEM AO IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO E SEU LIVRO ZERO


Loyola contando como
construiu o livro Zero.

"Lembro-me de dona Eva, mãe do Pedro, sempre sentada ao fundo, na antiga Cultura que depois se tornou a loja de artes.

As manhãs de sábado eram um ritual imperdível. Havia mesinhas do lado de fora, de frente para a lanchonete, na qual Yves Gandra Martins ia buscar coxinhas e empadas para todos. Apareciam: Lygia Fagundes Telles, Calabroni, o escultor, Marcos Rey e sua mulher Palma, Humberto Werneck, Mário Chamie, Joyce Cavalcanti, Roniwalter Jatobá, Gilberto Mansur, Murilinho Felisberto, eternamente com um jornal ou um livro debaixo do braço.



Marcia Gullo, os filhos de Loyola André Brandão,
Rita Gullo e Daniel Brandão
com o papai feliz no encontro.

São muitas histórias, muitas mesmo. Certa vez, eu estava autografando O verde violentou o muro e vi no final da fila uma senhora bem idosa e curvada. Chamei o Pedro, que logo se prontificou a conduzi-la para receber seu autógrafo. Quando ele fez a oferta, entretanto, a velha indignou-se: Passo na frente, ele autografa meu livro e então o que faço? Vou para casa assistir televisão? Não, não. Aqui na fila eu converso, encontro gente interessante, bebo um vinho e deixo a noite passar. Para mim, a Livraria Cultura é feita de lembranças como essas...” - Ignácio de Loyola Brandão, escritor.


Kiyoshi Nakaoka
(Massoterapeuta do Loyola), Loyola,
e Carmen Selvaggi




 
Onde Loyola responde presente é sempre uma aula de vida. Um dos autores que mais respeito pela trajetória, jornadas, ensinamentos.

Escrevo aqui na maior declaração que, tudo que aprendi na mídia, devo a ele. Passo a passo desde a Última Hora (tempos vividos com Samuel Weiner e os adoráveis amigos Jô Soares, Adones de Oliveira e tantoa outros) onde me colocou como correspondente de Bauru na área araraquarense, até chegar em São Paulo onde finquei meu rumo nos Diários Associados.


Loyola e Luiz Alves
 da Editora Global.



Cada livro que escrevo entrego em suas mãos para prefaciar, porque poucos me conhecem como ele. Que não é apenas meu privilégio, porque ele assina muitos autores que conhecem seu trabalho e sabem que basta ele colocar seu nome para que o autor seja respeitado.

Sua posse na Academia Paulista de Letras, me emocionou muito, porque, foi mais que merecido por tudo o que vem fazendo pela nossa Cultura.

No palco, pudemos ouvir porque ZERO foi escrito, a sua trajetória internacional, a proibição, o sucesso, a sua estrutura diferenciada e o impacto que vem causando, principalmente nas novas gerações. A comemoração em sí, é a impecável edição que a GLOBAL Editora leva às livrarias, com um projeto gráfico belíssimo assinado pelos designers gráficos Eduardo Okuno e Mauricio Negro. O leitor tem acesso às vinte capas de todas as edições publicadas no exterior e ao making off da obra.


Loyola e
Guilherme Loureiro da Global.

São cem páginas a mais em que se relata como e por que ZERO foi escrito: violencia da época, torturas, esquadrão da morte, sexualidasde, luta armada, repressão, dificuldade de viver uma vida sem liberdade. O que nós jornalistas sabemos muito bem porque vivenciamos na pele tudo isso. por um bom tempo.

Daí Loyola ser amado por nós da mídia, que temos no autor um imenso exemplo de dignidade a toda prova.

Desejo a maior sorte ao amigo eterno, ao autor e prefaciador querido, que deixou em sua rota muitos exemplos que devemos seguir.

Sua proibição foi um dos estopins para que escritores e intelectuais começassem a se manifestar contra a ditadura militar....

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