quinta-feira, 21 de outubro de 2010

COP10 versus Negação à Biodiversidade

A diversidade da vida e o meio ambiente do planeta estão ameaçados. Há solução? De 11 a 29 de outubro, acontece a décima Convenção das Partes sobre Diversidade Biológica, em Nagoya, Japão. É a COP-10, uma reunião de governos dentro das Nações Unidas. Serão debatidas questões polêmicas como os combustíveis feitos de plantas, o que fazer com os transgênicos, repartição justa dos benefícios obtidos de uso de recursos genéticos e a criação de áreas naturais protegidas.
 
Subsidiam as discussões neste evento estudos como o relatório “A Economia de Ecossistemas e da Biodiversidade” (Teeb, em inglês), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que calcula o prejuízo provocado pela perda da biodiversidade entre R$ 3,2 trilhões e R$ 8 trilhões por ano, devido aos serviços gratuitos que a natureza realiza para os humanos, como ar puro, água limpa, solos férteis, recursos pesqueiros, medicamentos e equilíbrio climático.

Outro estudo importantíssimo é o relatório bianual “Planeta Vivo”, um histórico sobre a saúde do planeta e um meio de aferir as pressões que ele sofre, da Rede WWF. O material conclui que o mundo perdeu 30% de sua diversidade biológica nos últimos 40 anos. Nos países tropicais, como o Brasil, a perda chegou a 60%. Além disso, estamos utilizando 1,5 planeta Terra para sustentar nosso padrão civilizatório e até 2030 precisaremos de 2 Terras para suprir nossas necessidades.

A biodiversidade interage nos ecossistemas, que são como os órgãos de Gaia (nosso planeta Terra). Eles lhe propiciam as condições necessárias para a vida. Ao destruirmos a biodiversidade, estamos não somente assumindo o ônus econômico de ter que pagar por serviços que costumavam ser prestados gratuitamente pela natureza, mas principalmente, estamos colocando em risco a nossa prosperidade, até mesmo a nossa sobrevivência. Atualmente, o principal indicador de sucesso econômico mundial ainda é o Produto Interno Bruto-PIB, que totaliza o valor da produção e do consumo, sem levar em conta a sustentabilidade do processo.

Nesta visão de gestão miope adotada pelos governos, considera-se que a exaustão dos recursos naturais, incluindo a biodiversidade, é sinal de acúmulo de riqueza. É como se estivéssemos gastando todo o dinheiro da nossa reserva bancária em compras e consumo e encarássemos isso como acúmulo de renda. É ridículo, e seria cômico, se não fosse tão trágico.

E por que nos mantemos neste estado de negação à preservação da biodiversidade? Segundo os psicólogos, a negação é um modo de as pessoas resolverem a divergência provocada por uma realidade que possa ameaçar as suas profundas convicções ou hábitos preferidos. No contexto aqui abordado, a negação seria motivada por uma egoística falta de disposição em abandonar os confortos pessoais e padrões de consumo, afinal, em nosso equivocado mundo, o alto consumo de recuros é considerado um sinal de sucesso social. Porém, negar a biodiversidade é renunciar à vida e isto é simplesmente… Suicídio!

Nenhum comentário:

Postar um comentário